ATA DA OITAVA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 09-6-2011.

 


Aos nove dias do mês de junho do ano de dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e vinte e dois minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, Elói Guimarães, Engenheiro Comassetto, Haroldo de Souza, Idenir Cecchim, João Antonio Dib, Luiz Braz, Nelcir Tessaro, Paulinho Rubem Berta, Pedro Ruas, Professor Garcia, Toni Proença e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Beto Moesch, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Fernanda Melchionna, João Carlos Nedel, Luciano Marcantônio, Maria Celeste, Mario Fraga, Mauro Zacher, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Tarciso Flecha Negra. Após, o senhor Presidente registrou as presenças dos freis João Luiz Andrade Santos, Luiz Sebastião Turra e Maximino Tessaro, da Paróquia Santo Antônio do Partenon, e do senhor Elimar Janz, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao frei Luiz Sebastião Turra, que discorreu sobre o trabalho desenvolvido pela Paróquia Santo Antônio do Partenon em seus cem anos de existência, divulgando atividades relativas à Festa do Centenário da Paróquia e do Padroeiro Santo Antônio, a ocorrerem do dia dez ao dia treze de junho do corrente. Em prosseguimento, foi proferida uma bênção, pelo frei Luiz Sebastião Turra, a todos os presentes. A seguir, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Professor Garcia, João Carlos Nedel, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Luiz Braz, Nelcir Tessaro, Tarciso Flecha Negra, Toni Proença, Reginaldo Pujol e Pedro Ruas manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Na oportunidade, foi registrada a presença, neste Plenário, do frei Achilles Chiappin. Às quatorze horas e cinquenta e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinquenta e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a discussões relativas ao Sistema Municipal de Unidades de Conservação – SMUCs. Compuseram a Mesa: o vereador DJ Cassiá, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a senhora Maria Carmen Sestren Bastos, bióloga da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; o senhor João Roberto Meira, biólogo, Chefe de Equipe de Estudos do Meio Ambiente Natural da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; e a senhora Simone Mirapalhete, Diretora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II, ao senhor João Roberto Meira e às senhoras Maria Carmen Sestren Bastos e Simone Mirapalhete, que se pronunciaram sobre o tema em debate. Durante o pronunciamento do senhor João Roberto Meira, foi realizada apresentação de audiovisual referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores Adeli Sell, Engenheiro Comassetto, Maria Celeste, Beto Moesch, este em tempo próprio e em tempo cedido pelo vereador João Antonio Dib, Professor Garcia, Fernanda Melchionna e Dr. Raul Torelly. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador João Antonio Dib, pelo Governo. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, às senhoras Simone Mirapalhete e Maria Carmen Sestren Bastos e ao senhor João Roberto Meira. Às dezesseis horas e cinquenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e cinquenta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Em prosseguimento, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Toni Proença, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 088/11, discutido pelo vereador Adeli Sell. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Mario Fraga, Adeli Sell, João Antonio Dib e Adeli Sell, este pela oposição. Às dezessete horas e vinte e seis minutos, constatada a inexistência de quórum, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores DJ Cassiá e Toni Proença e secretariados pelo vereador Toni Proença. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.

 

 


O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Havendo quórum, passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Frei Luiz Sebastião Turra, representando a Paróquia Santo Antônio, está com a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto referente à Festa do Centenário da Paróquia e do Padroeiro Santo Antônio.

Antes, porém, convido para fazer parte da Mesa o Frei Maximino Tessaro, parente do Ver. Nelcir Tessaro; o Sr. Elimar Janz e o Frei João Luiz Andrade Santos. Sejam bem-vindos a esta Casa, é um prazer e uma honra recebê-los.

 

O SR. LUIZ SEBASTIÃO TURRA: Em nome dos freis capuchinhos, da coordenação do Conselho e lideranças da Paróquia Santo Antônio do Partenon, bem como de toda a comunidade e devotos de Santo Antônio, começamos comunicando a saudação franciscana e antoniana: paz e bem! Quero saudar a presidência da Câmara, na pessoa de DJ Cassiá, e também o proponente desta oportunidade tão significativa para nós, o nosso amigo Ver. Professor Garcia, bem como os demais Vereadores e Vereadoras desta Casa.

Se anualmente somos agraciados por este encontro nesta Casa do Povo, neste ano de 2011, sentimo-nos ainda mais motivados e agraciados por estarmos vivendo a data do centenário de oficialização da Paróquia Santo Antônio. Por esta razão, achamos por bem evocar uma parte do documento oficial emanado pela Cúria Arquidiocesana de Porto Alegre há 100 anos. Esse documento nos diz o seguinte (Lê.): “Dom Cláudio José Ponce de Leão, por mercê de Deus e da Sé Apostólica, Arcebispo de Porto Alegre, aos que a presente virem, saúde e Bênção. Fazemos saber que, atendendo às necessidades espirituais do Arrabalde Parthenon, subúrbio desta nossa Archiepiscopal cidade, havemos por bem elevar, como pela presente provisão nossa, de fato elevamos à categoria de Paróquia (Curato) o dito arrabalde do Parthenon, sob a invocação de Santo Antônio de Lisboa, desmembrado das freguesias do Menino Deus e Nossa Senhora do Rosário”. Depois, segue, no documento, a delimitação geográfica da Paróquia.

Esta mesma Paróquia Santo Antônio, filha da Paróquia Menino Deus e Nossa Senhora do Rosário, durante o centenário, foi gerando mais quatro paróquias filhas: São Francisco, São Judas Tadeu, São Jorge; Jesus, Divino Mestre e tantas outras paróquias netas, até a direção de Viamão. Essa história confirma que a Igreja caminha com as comunidades, comunidades que precisam se organizar onde a Cidade cresce, pois a palavra de Deus não pode ser aprisionada.

Estimados irmãos, irmãs, ouvintes e pessoas aqui presentes, nós estamos vivendo aquilo que o Papa João Paulo II, hoje bem-aventurado, disse há alguns anos: “A paróquia, sendo a Igreja colocada no meio das casas dos homens, vive e atua profundamente integrada na sociedade humana e intimamente solidária com as suas aspirações e com os seus dramas humanos”.

Temos o lema “Um século de vida e fé para o futuro”. Pedimos que o público repita: “Um século de vida e fé para o futuro”. (O público repete o lema.) Com este lema, nós queremos olhar para o passado e lembrar personagens que começaram e continuaram essa história, as motivações mais ou menos claras, frágeis ou consistentes, a herança que foi sendo conquistada, os vínculos que foram criados e, acima de tudo, a fé que foi cultivada e se tornou argumento para o sentido da vida e o respeito na convivência humana. Aqui lembramos os 16 párocos e outros tantos auxiliares que doaram parte de suas vidas como animadores da Paróquia Santo Antônio.

Lembramos os 86 mil batizados durante o Centenário, os 16 mil casamentos e as 100 ordenações sacerdotais. Nós queremos lembrar o imenso número de todos aqueles que foram e são atendidos como devotos no dia de hoje, os que procuram a bênção, a celebração da vida e a intercessão de Santo Antônio.

Reconhecendo e acolhendo a herança de um século, olhamos para o presente, que é o nosso momento. Frente aos desafios dos tempos novos, da nossa hora, resta-nos uma única resposta: a fidelidade ao nosso momento, a alegria insubstituível de viver este único tempo colocado por Deus à nossa disposição. Se tantos construíram um século de vida e fé, qual é a nossa contribuição de hoje para os que irão comemorar o próximo centenário? O que eles dirão de nós? Temos consciência de que um projeto cristão necessita olhar e cuidar da pessoa no seu todo, não apenas na dimensão espiritual, mas também histórica, social e promocional, assim como nos ensina Santo Antônio. Daí a importância da formação, da ação solidária, com seus projetos, do Centro de Convivência Santa Clara, aqui bem representado, e de todos os serviços pastorais e administrativos. Um século de vida e fé para o futuro! Sabemos que o futuro a Deus pertence, mas ele confia em nós para desenhá-lo de modo mais humano e condizente com os valores do seu Reino de Justiça, de paz e de amor.

Hoje, a Paróquia centenária Santo Antônio precisa se tornar um sinal provocador para um futuro sempre mais vivo e esperançoso. Horizontalmente a nossa Paróquia Santo Antônio está situada num pequeno território; porém, verticalmente, as multidões habitam os condomínios que a rodeiam, somando-se agora o novo condomínio da Av. Bento Gonçalves, com mais de 1.400 novos apartamentos. Como em todas as instituições, também em nossa Paróquia, somos chamados a reinventar novos métodos e novas estratégias para interagir com a sociedade, na certeza de que o Evangelho tem a força de transformação, e Jesus Cristo é o Mestre da vida e da convivência qualificada para todos. Foi assim que Santo Antônio agiu no seu tempo e nos ensina hoje.

Nós queremos convidar todos os membros desta Casa a estarem conosco amanhã, às 17h, onde agraciados seremos com o Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre, como um gesto de carinho e de reconhecimento que, antecipadamente, nós queremos agradecer. Queremos convidar todos também para a Festa, nos dias 12 e 13. E assim, como um gesto de carinho, nós queremos abençoar o pão e depois distribuí-lo para todos como sinal de partilha, de vida, de amor e de muita fé.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(Faz-se a benção do pão.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Professor Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Presidente, Ver. DJ Cassiá; prezado Frei Turra, Frei Maximino, Frei João Luiz; Elimar, Presidente do Conselho Paroquial, e, saudando o Elimar e o Frei Turra, saúdo todos os devotos de Santo Antônio e os paroquianos que estão aqui nesta tarde.

Falar da Igreja Santo Antônio é motivo, sempre, de alegria. Hoje o Frei Turra fez uma exposição, contando uma breve história dos 100 anos, mas eu sei, Frei Turra, que o seu maior desafio é cuidar do rebanho. E agora este rebanho, com mais de mil apartamentos, ao ladinho, cada vez aumenta mais. Serão quase cinco mil pessoas que vão estar diretamente ligadas ao senhor. Nós sabemos da sua capacidade, do seu entusiasmo, mas a Paróquia, tenho certeza, vai crescer, como o bairro vai crescer. Sabendo das suas reivindicações, que ainda lastima que, dentro do bairro, ainda não tenha, por exemplo, um banco. Sabemos dessas reivindicações.

E aqui falo em nome do PMDB, em nome do nosso Líder, Ver. Idenir Cecchim; do Ver. Dr. Raul Torelly, que é médico, que atua no Partenon; do Ver. Haroldo de Souza, Ver. Bernardino Vendruscolo e Ver. Sebastião Melo. O senhor já fez o convite, mas eu vou aproveitar. Quero dizer que vários Vereadores estarão lá presentes, que o Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre hoje é a maior outorga que a Câmara concede, e temos a certeza de que é mais do que merecido, porque uma instituição que completa 100 anos com o espírito de nenê, fomentando cada vez mais a busca e o crescimento do ser humano, isso temos que valorizar.

Frei Turra, parabéns pelo teu trabalho e dos demais Freis, e para ti, Elimar, que há mais de 30 anos eu te conheço e sei de todo o trabalho que sempre denotaste pela Paróquia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre Frei Luiz Turra, demais Freis que nos honram com sua presença, Coordenador da Paróquia e todos os paroquianos da Paróquia Santo Antônio. Muito obrigado pela sua presença que vem nos trazer a benção. Este pão simboliza que a Paróquia Santo Antônio está nos alimentando com a palavra da fé, com o testemunho da caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nós, em nome da Bancada do Partido Progressista, do nosso Líder, Ver. João Antonio Dib, do Ver. Beto Moesch e deste Vereador, agradecemos essa benção da presença de vocês aqui e queremos dizer que, amanhã, estaremos lá com muita honra para que a Paróquia receba o maior troféu desta Casa, que coloca o seu próprio nome no troféu que vocês vão receber, por todo esse imenso trabalho de evangelização e por todo esse trabalho social que a Paróquia faz lá. Muito obrigado, Frei Turra, e todos seus paroquianos e colegas. Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Meu caro Ver. DJ, que preside os trabalhos da presente Sessão; eu falo em meu nome e em nome do Partido Socialista Brasileiro, trazendo um abraço todo especial ao Frei Turra, aos nossos ilustres Freis que aqui estão nesta tarde; nossa saudação ao coordenador da Paróquia, e quero dizer da importância que é para nós esse evento: a importância do encontro em si com a presença de paroquianos. Acho que essa combinação de coisas aqui na Câmara é de suma importância, porque ela combina a ação da atividade decisória e política com a ação de quem conduz ovelhas no caminho do bem e da Igreja, e, por outro lado, também a ação daqueles que aqui vêm, hoje à tarde, acompanhando vocês. Acho que é uma combinação perfeita para hoje, meu caro Presidente. E ela se torna ainda mais perfeita quando. aqui na Câmara, nesta tarde, se fala de Jesus Cristo - acho que esse é um aspecto interessante -, e se fala de Jesus Cristo através do nosso queridíssimo Santo Antônio. E se fala desse nosso queridíssimo Santo Antônio, um Santo - eu sou católico - bastante simpático, no momento em que se comemora 100 anos da Paróquia de Santo Antônio.

Então, eu trago a vocês e a todos os paroquianos os nossos parabéns, e digo que, em 1989, quando já era aqui Vereador, nós recebíamos com uma frequência bastante grande o Frei Irineu Costella, e isso significa e mostra que, desde aqueles tempos, há mais de 20 anos, a Igreja Santo Antônio participa conosco, aqui na Câmara, de momentos importantes, e o momento culminante é nesta tarde em que se homenageiam os 100 anos da nossa Paróquia. Lamentavelmente, amanhã, eu não poderei estar presente porque já tenho um compromisso, mas quero, desde já, trazer um abraço fraterno e carinhoso a todos vocês. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Quero registrar a presença do Frei Achilles Chiappin. O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo também, com certeza, o Frei Achilles Chiappin, nosso cidadão de Porto Alegre, já aprovado e homenageado nesta Casa. Em nome da Bancada do PT, da Verª Maria Celeste, Ver. Comassetto, Ver. Todeschini, Verª Sofia, Ver. Mauro Pinheiro, quero parabenizar esse trabalho evangelizador que a Paróquia Santo Antônio, dos capuchinhos, vem desenvolvendo aqui em Porto Alegre, no Brasil e no mundo. Sabemos, Tessaro e Turra, que em 100 anos, 100 novos sacerdócios é muito difícil. Isso é uma forma de poder dizer que essa congregação teve muito sucesso, porque hoje ter um sacerdócio não é para qualquer um. Eu sei, porque as pessoas optam pela vida de leigo ou religioso, e não é assim tão fácil optarem pela vida de religioso, porque são feitos os votos de pobreza, castidade e obediência, que são os três pilares da vida de vocês, diante de um mundo que tem os mais diversos valores, mas que, em tese, representam a igreja aqui no nosso mundo, e por que não, na cidade de Porto Alegre. E muitas vezes as pessoas perguntam o que é o milagre. Santo Antônio se tornou Santo Antônio, como tantos outros santos, porque foram provados milagres; ele era um homem natural, um homem normal como nós. Se Santo Antônio se tornou santo, é a prova de que existe o milagre. Então, nós temos que acreditar no milagre. O milagre existe, existe para quem acredita.

Quero parabenizar vocês que vêm desenvolvendo esse trabalho evangelizador; são milhares de pessoas que dali de aproximam. Tenho ido anualmente, com certeza, em todas essas atividades, mas principalmente na procissão do dia 13, e com certeza estaremos lá amanhã e no dia 13. Que Deus os acompanhe, continuando iluminando as pessoas, principalmente as que mais precisam. Falo em nome da Bancada do PT. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; em nome do Frei Turra, quero cumprimentar todos que estão aqui na Mesa e, também, cumprimentar essa comunidade do bairro Santo Antônio e que frequenta a Paróquia Santo Antônio. Devo dizer que boa parte do meu mandato devo exatamente àquela Região da Cidade. Por isso, venho, com muita satisfação, fazer esta saudação e dizer, Frei Turra, que, neste momento que atravessamos na história da nossa sociedade, quando as pessoas estão tão descrentes nos homens que governam, porque parece que, todos os dias, as pessoas pensam mais em si, pensam egoisticamente e pensam menos no conjunto da sociedade, quando vemos uma paróquia completando 100 anos, e as pessoas todas trabalhando para que todo o mundo possa, realmente, elevar o seu pensamento a Deus, eu fico muito feliz, porque isso dá esperança ainda de que, no amanhã, nós vamos poder, se Deus quiser, ter um Brasil um pouco melhor do que ele é hoje. Parabéns pelos 100 anos da Paróquia! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. NELCIR TESSARO: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; quero cumprimentar o Frei Turra, o Frei Maximino Tessaro, conterrâneo do Cecchim, de Ibiraiaras; o Frei João Luiz e o Sr. Elimar. Quero dizer da alegria de vê-los aqui hoje justamente para comemorar os 100 anos da Paróquia Santo Antônio. O Frei Turra disse muito bem que agora nós vamos ter ali cerca de cinco a seis mil novas pessoas próximas à Paróquia Santo Antônio. Ali só tem a Igreja Santo Antônio para abrigar todas aquelas famílias que cada vez crescem mais no Partenon.

Além do trabalho religioso, eu quero reconhecer, porque estive lá e conheci, em 2008, 2009, o trabalho social que é feito lá na Igreja Santo Antônio. Cada vez mais precisamos olhar para os necessitados, e é isso que vem a Paróquia fazendo, toda a entidade, com os cafés, os chás; refiro-me, principalmente, às pessoas que estão aqui, lá da Igreja, que, cada vez que a gente vai lá, estão trabalhando em prol da comunidade. Isto é muito importante: o envolvimento comunitário. Quero cumprimentá-los, em nome da Bancada do PTB - Ver. DJ Cassiá, Ver. Elói Guimarães, Ver. Nilo Santos e Ver. Alceu Brasinha -, e dizer: vida longa à Igreja Santo Antônio, que faz o bem para esta Cidade! Parabéns! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Obrigado, Presidente. Parabéns, Frei Turra! Em nome do PDT, quero cumprimentar toda a Mesa e dizer, como praticante católico que sou - tenho até a imagem da minha igreja, a Igreja N. Srª das Dores, que eu frequento há 12 anos -, parabéns! Parabéns por levar a palavra amiga, a palavra de conforto para muita, muita gente! É do que o mundo precisa, é do que nós, de Porto Alegre, precisamos. Quero rezar, pedindo a Deus que lhes dê muita paz, muito amor no coração, muita saúde, para que possam trazer a palavra a todos nós que cremos no Senhor. Que Deus os abençoe e proteja por muito e muito tempo! Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Toni Proença está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. TONI PROENÇA: Vereador que preside os trabalhos, DJ Cassiá; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quero saudar o Frei Luiz Sebastião Turra - Luiz, meu xará -, que nos fez a saudação e nos falou dos cem anos da Paróquia; o nosso Frei Tessaro, que já frequenta esta Casa anualmente; o Elimar e o outro Frei que compõe a Mesa, e dizer que sou Antônio, portanto devoto de Santo Antônio desde o nascimento. Acho que o casamento da minha mãe com meu pai foi um dos 16.000 casamentos que a Igreja Santo Antônio realizou - como o senhor falou na sua palestra. Portanto, tenho uma convivência muito antiga com a Paróquia, embora anônimo, como frequentador eventual da Igreja e como devoto de Santo Antônio.

Em nome da Bancada do PPS, quero desejar um feliz centenário à Paróquia, e que a gente possa, nos próximos 100 anos, como bem disse V. Exª, mesmo não estando presente, lá de cima, possamos observar o desenvolvimento e o trabalho maravilhoso que faz a Paróquia com os fiéis - um trabalho de solidariedade em todo o Bairro, em toda a Cidade. Parabéns! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Reginaldo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Frei Turra, Frei Tessaro, eu não posso silenciar nesta hora, tenho que me somar às demais Bancadas que já se manifestaram, dizendo do nosso carinho pela sua Paróquia, agora centenária. Eu não tive o privilégio de casar na Igreja Santo Antônio, mas, lá na Paróquia, fiz muita festa. Muitas vezes, naquele salão paroquial, nós organizamos belas confraternizações não só em nome do Rotary Club Partenon, que eu presidi por um bom tempo, e o qual integro até agora, mas até em solidariedade a alguns movimentos, primeiro, para a construção do próprio salão paroquial, para a sua modernização, e, depois, nas campanhas que os seus antecessores, com muita habilidade, sempre desenvolveram, sempre nos envolvendo com competência, e, sobretudo, com solidariedade cristã.

Então, eu quero lhe dizer que não é a primeira vez que a Paróquia é aqui homenageada, mas agora, com toda razão, porque 100 anos não são 100 dias. Obviamente, no segundo centenário, nem pensar, nós não estaremos aqui, mas que mais alguns anos possamos continuar convivendo é o que eu peço para o nosso Protetor Mor que nos conceda isso, para continuar privando da Paróquia de Santo Antônio do Partenon, a qual me traz belas recordações de momentos muito agradáveis da minha vida que lá vivi. Então, leve a todos os seus paroquianos o nosso carinho, o nosso apreço e a nossa convicção de que os Freis sabem dignificar bem o nome do seu santo padroeiro, o nosso bom Santo Antônio, agora rebatizado: Santo Antônio do Partenon. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.).

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. DJ Cassiá; meu caro Frei Luiz Sebastião Turra, em nome de quem cumprimento os demais dirigentes e representantes religiosos, nós temos, eu e a Verª Fernanda Melchionna, a honra de representar o PSOL na Casa, e queremos cumprimentá-los, neste momento, pelo centenário de uma Paróquia que tem, além da questão espiritual, um trabalho social extremamente importante. E esse registro nós fazemos, porque, no PSOL, nós não temos convicções religiosas - somos um Partido laico -, mas temos extrema consideração pelo trabalho social que várias Paróquias, particularmente a de Santo Antônio, no Bairro Partenon, fazem. Esse elogio, nós temos o orgulho de fazer em nome do nosso Partido. Por isso, recebam de nós essa solidariedade com o trabalho e o reconhecimento. Aqui na Câmara estamos à disposição. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Quero agradecer ao Frei Maximino Tessaro, ao Sr. Elimar Janz e ao Frei João Luiz Andrade Santos a presença, nesta tarde, que nos orgulha muito e que também fez muito melhor a nossa tarde.

Após a manifestação das Bancadas, eu suspendo a Sessão por dois minutos para as despedidas. Muito obrigado, e que Deus os abençoe. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h54min.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cássia – às 14h57min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje, com o tema específico: Sistema Municipal de Unidades de Conservação - SMUC.

Convidamos para compor a Mesa a Srª Maria Carmen Sestren Bastos, Bióloga, funcionária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; o Sr. João Roberto Meira, Biólogo, Chefe de Equipe de Estudos do Meio Ambiente Natural, da SMAM; e a Srª Simone Mirapalhete.

O Sr. João Roberto Meira está com a palavra.

 

O SR. JOÃO ROBERTO MEIRA: Boa-tarde a todos. Inicialmente, em nome da SMAM, gostaria de agradecer o convite e a oportunidade para falar sobre um tema tão importante, que é o Sistema Municipal de Unidades de Conservação - SMUC.

Antes, eu gostaria de fazer um preâmbulo sobre a importância do objeto que vamos tratar aqui. Trago aqui a síntese de uma apresentação sobre a incidência da Mata Atlântica em Porto Alegre, para dar alguns elementos de importância e da necessidade e oportunidade de estabelecer essa legislação que busca consolidação das Unidades de Conservação do Município de Porto Alegre e a implantação de outras, seguramente necessárias. Meu esforço, aqui, neste momento, seria de convencer vocês da importância, do cuidado com esses bens ambientais. E, para isso, é preciso ter sentimento, é preciso entender profundamente esses bens e estabelecer vínculos de afeto profundos, para que, de fato, a gente possa se empenhar na conservação desses bens ambientais. (Apresentação de PowerPoint.)

Aqui seria o mapa do bioma Mata Atlântica, da Lei da Mata Atlântica, que é uma Lei Federal, de 2006, bastante recente ainda, e que se estende do Nordeste, da cidade de Natal, do Rio Grande do Norte, até o Rio Grande do Sul.

Embora se trate do bioma Mata Atlântica, há o reconhecimento de que, em outros biomas - como é o caso do bioma Pampa, ao qual Porto Alegre pertence -, e mesmo nesses outros biomas, aplica-se a Lei da Mata Atlântica, porque o objetivo de tutela dessa Lei são as formações florestais, o conjunto de ecossistemas que incidem nesses outros biomas.

Essa seria uma imagem da visão tradicional que nós temos da Mata Atlântica, são imagens de Santa Catarina, que seria a floresta do conceito original que se entendia da Mata Atlântica, que corresponde à floresta latifoliada.

Nesses dois mapas, nós podemos ter uma ideia: à esquerda, da abrangência desta Lei, do território de abrangência desta Lei; e, à direita, nós temos, em verde claro, de fato, o que sobrou disso. Esse ecossistema, um dos mais ricos do mundo, corresponde, hoje, a menos de 8% do ecossistema original. Essas são imagens da Mata Atlântica que ocorre em Porto Alegre. Esta é uma imagem do Morro São Pedro. Vocês estão vendo o tipo de formação florestal que ocorre aqui.

Essa é outra espécie característica, a embaúba, que ocorre aqui, também, ao longo da Mata Atlântica, no País inteiro, uma espécie extremamente importante. Eu não vou me alongar muito em detalhes.

Essa é a Mata Atlântica de Porto Alegre. Os açorianos que aqui chegaram viam essas mesmas imagens que vocês estão vendo hoje. Se nós pegarmos uma embarcação e formos para a Região Sul, aqui de Porto Alegre, vamos compartilhar da mesma visão que tinham os açorianos, quando chegaram aqui.

Então, existem áreas importantes de Mata Atlântica no Sul, um patrimônio ambiental ainda importante a ser preservado aqui em Porto Alegre. (Apresentação de PowerPoint.)

Essa é a imagem de uma figueira, em Belém Novo. No detalhe aqui, nós podemos encontrar uma série de orquídeas, bromélias, cactácias, diversas epífitas, que são características da Mata Atlântica. Uma das coisas que caracterizam a Mata Atlântica é a biodiversidade de espécies. E essas espécies que estão aqui ilustradas, orquídeas e bromélias, são campeãs de biodiversidade no mundo inteiro, e Porto Alegre não é diferente disso.

Aqui vale um detalhe: estima-se que 60% das espécies de animais e plantas do Planeta ocorram em áreas concentradas equivalentes a 1,4% do território do mundo inteiro. E essas áreas onde ocorre uma grande biodiversidade, mas que foram extremamente devastadas, chegando a percentuais inferiores a 10%, como é o caso da Mata Atlântica, denominou-se, numa estratégia internacional para a conservação da biodiversidade, de hotspots. Ou seja, são locais em que a humanidade precisa agir com firmeza, com força, com rapidez, porque lá estão concentradas grandes partes da biodiversidade mundial, e esses locais estão extremamente ameaçados pela supressão desses ecossistemas naturais. Pois bem, a Mata Atlântica é um desses locais. A Mata Atlântica é considerada, em termos de importância mundial, o 5º hotspot do mundo. Hoje, elencam-se em torno de 25, pois a Mata Atlântica é considerada o 5º mais importante deles.

Estima-se, então, na Mata Atlântica, mais de 20 mil espécies de plantas, cerca de 8 mil delas são endêmicas, ou seja, só ocorrem lá, só ocorrem nesses locais extremamente devastados; 1.300 espécies de aves, mamíferos, anfíbios, répteis, sendo que 567 ocorrem somente nesse local.

Pois bem, essa perda de biodiversidade e extinção de espécies são processos irreversíveis, eles causam o colapso de ecossistemas e de seus processos ecológicos. Uma forma de compreender melhor isso seria fazermos uma reflexão do que aconteceu no Rio de Janeiro, recentemente, ou em Santa Catarina, também. São locais próximos de nós, onde enxergamos o colapso, do que é capaz o colapso de um ecossistema. Outra maneira de verificar isso - e aqui eu destaco um agente importante desse processo - é que cerca 67% da população brasileira bebe água das nascentes da Mata Atlântica.

Aqui é uma foto de um bugio, tirada na Reserva Biológica do Lami. Esse tipo de animal, característico da Mata Atlântica, é o bugio-ruivo, que tem em Porto Alegre, ele é um dos grandes responsáveis por essa água que a gente bebe, porque ele é um plantador; ele come as frutas e dispersa nas florestas, onde ocorrem essas nascentes da Mata Atlântica. Então, está aí um agente, muitas vezes, anônimo que faz esse serviço. Só para vocês terem uma ideia, uma espécie ameaçada de extinção no País, que é um macaco um pouco maior que esse, o muriqui, hoje, talvez, a população dele, no País inteiro, seja menor do que a dos bugios que temos aqui em Porto Alegre. É para vocês terem uma ideia do grau de devastação que ocorreu no País inteiro.

Mais uma imagem de Porto Alegre, e explicando que a floresta regula clima, secas, enchentes, absorve e filtra água, auxilia na prevenção da erosão do solo. A biodiversidade é importante para a agricultura, polinização, alimentos, medicamentos, cosméticos, recreação, lazer, turismo, que são os chamados serviços ambientais, que prestam um serviço silencioso que não é codificado em termos de precificação - há uma dificuldade para se fazer isso -, mas, na ausência dele, nós sofremos as consequências, e é o conjunto da sociedade que paga por esse serviço.

Aqui um detalhe, que seriam as formações vegetais dos elementos característicos da Mata Atlântica de Porto Alegre. Aquele que está reconhecido no mapa, da Lei da Mata Atlântica, onde existe um gravame específico, são as áreas de formação pioneiras. Aqui em Porto Alegre, corresponde à área do Delta do Jacuí, onde nós temos o Parque Estadual do Delta do Jacuí e a Área de Proteção Ambiental do Delta do Jacuí. Mais adiante, nas outras palestras, nós vamos tratar de temas, como Unidade de Conservação de Proteção Integral, eis um exemplo, o Parque Estadual Delta do Jacuí; e Unidade de Conservação de Uso Sustentável, que é o exemplo da APA, onde mais atividades, além do lazer, turismo, pesquisa e conservação, são passíveis de serem exercidas, mas mantendo a sustentabilidade. Aqui existem vários dados da riqueza. Só para dar um exemplo, um terço dos anfíbios que ocorrem no Estado do Rio Grande do Sul são encontrados aqui no Parque Delta do Jacuí. A referência bibliográfica aqui é a Natureza em Revista, edição nº 13, que é uma publicação da Fundação Zoobotânica, ilustra esse tipo de riqueza, de diversidade biológica.

Aqui, no Estado, além do Código Estadual do Meio Ambiente, nós temos o reconhecimento da importância do status de Áreas de Proteção Permanente, de Unidades de Conservação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida pela UNESCO. Então, aqui, há uma coincidência na zona núcleo, na área do Delta do Jacuí, há uma sobreposição; mas a Lei Estadual, além disso que está apontado, avança em áreas como a área do Morro São Pedro, que ilustrei com algumas imagens, onde ocorrem as maiores populações de bugios aqui da Cidade. Então, estão apontadas como Zona de Amortecimento e como Zona de Transição na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Existe uma Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente que aponta quais são as espécies nos estágios sucessionais. Praticamente todas as espécies apontadas nessa Resolução ocorrem também em Porto Alegre, com algumas exceções, por conta da abrangência do Estado, mas essas espécies que estão elencadas nessa Resolução, fundamental para compreender a aplicação da Lei da Mata Atlântica, ocorrem em Porto Alegre também.

Temos aqui a imagem do Morro São Pedro, a lista das espécies. (Mostra lâmina.) Outra imagem do interior do Morro São Pedro. No detalhe, a timbaúva, mostrando uma dessas espécies que está referida na Resolução, nessa dimensão, com floresta com lianas. Aqui temos a imagem de uma capororoca. Uma das características da Mata Atlântica, que eu tinha falado antes, eram árvores com folhas largas, e aí está um exemplo delas. As bromélias. Neste tronco de árvore, existe uma das bromélias.

Aqui eu peguei um estudo comparativo sobre a incidência de bromélias no País inteiro. Só para terem uma ideia de como as bromélias são características da Mata Atlântica, aqui está listado o número de espécie em cada Estado. No Rio Grande do Sul tem 69; Rio de Janeiro, 302; outros Estados, como o Rio Grande do Norte, 8; Sergipe, 18. Aqui abro um parêntese para ver a importância e a evolução histórica: existe um trabalho do Professor Jorge Waechter, da UFRGS, referindo-se ao fato de que a Reserva Biológica do Lami, embora pequena, com 74 hectares, isso na década de 80, tem uma diversidade elevada. Aqui estou fazendo uma listagem de algumas espécies que ocorrem no Lami e no morro, e chegamos a um número de 13, 14 espécies, sem muito esforço. Se vocês associarem ao que mostrei antes, verão que, só aqui em Porto Alegre, temos mais espécies de bromélias do que no Estado do Rio Grande do Norte inteiro; provavelmente, o mesmo número de espécies que ocorre em Sergipe - com um pouco mais de estudo, vamos verificar esse tamanho, essa importância - e cerca de 20% das espécies que ocorrem no Estado. Ou seja, nós estamos nos atentando para a importância que tem Porto Alegre para a conservação da biodiversidade, da riqueza desse patrimônio que temos aqui.

Com orquídeas também ocorre uma coisa semelhante: as orquídeas têm um número maior ainda de biodiversidade. Um estudo nos morros de Porto Alegre levantou cerca de 59 espécies. Isso corresponde a 1/6 das espécies que ocorrem aqui no Estado. Digo, com certeza, que existe um número superior a esse; esse percentual é maior, e existem razões para isso: Porto Alegre é o encontro de ecossistema, encontro da Mata Atlântica, que começa por aqui, com o bioma Pampa. O Delta do Jacuí, que carrega a água das nascentes de praticamente 2/3 do Estado, carrega junto as espécies que vêm para cá. Então, Porto Alegre tem uma localização geográfica que combina com a sua história, com a sua importância, mas, do ponto de vista da biodiversidade biológica, tem reflexos, sim. Por isso esta Casa tem uma responsabilidade muito grande com a biodiversidade que ocorre no Estado, e maior ainda, porque temos um bom patrimônio a ser preservado, que está praticamente descoberto de iniciativas em termos de criação de Unidades de Conservação.

Aqui há uma figueira segurando um matacão. Vocês imaginem o que acontece, por que ocorrem essas tragédias: corta essa figueira, mata essa figueira, essa pedra fica solta, vem uma chuvarada, rola uma rocha de toneladas morro abaixo. Foi isso que vimos acontecer em Santa Catarina; todo ano, a cada ano no Rio de Janeiro, São Paulo, é isso que acontece. Esse é um dos serviços ambientais silenciosos, só nos damos conta quando acontece a catástrofe.

Quais são as principais ações previstas para a conservação e recuperação da Mata Atlântica no Município de Porto Alegre? Por isso é importante o tema que se está discutindo aqui, que é o Sistema Municipal de Unidades de Conservação, que busca criar elementos, mecanismos, ter o reconhecimento, no nível legal, da importância das Unidades de Conservação, nesta Casa. Eu vou citar só alguns exemplos. Estes são os hotspots aqui, de Porto Alegre. Se nós tivermos uma iniciativa nesse campo, agora, nessas medidas, nós vamos conseguir conservar uma parte significativamente importante dessa biodiversidade. Então, seria a criação de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral no Morro São Pedro, para proteger essas populações de bugios-ruivos. Para proteger as nascentes do Arroio do Salso e do Lami, há conexão com uma Unidade de Conservação já criada e um programa fundamental para esta Cidade, que é o Pisa, Programa Integrado Socioambiental, que, ao tratar da água, lá na ponta, por processo de engenharia, e ao acomodar de forma mais adequada pessoas que vivem em áreas de proteção nascente, sujeitas à inundação, aborda o aspecto social e precisa também combinar com a proteção das nascentes na origem, a proteção da qualidade e da quantidade da água na origem. Por isso, há, na licença emitida pela Fepam, a exigência da criação de uma Unidade de Proteção Integral nas nascentes do Salso. E isso combina muito bem com o Morro São Pedro.

Temos um estudo recente de um pesquisador da UFRGS, o Robertson: ele encontrou cerca de 500 espécies, levantando espécies de campo, já mais características do Bioma Pampa, mas que ocorrem ao lado das florestas características da Mata Atlântica. Ele encontrou ali cerca de 500 espécies, várias delas endêmicas, que só ocorrem Porto Alegre; algumas raras, algumas ameaçadas, e mesmo assim teve descoberta, uma planta grande ornamental, que é a austromélia, uma espécie nova para a ciência, descoberta aqui num estudo. Só isso seria justificativa suficiente para criar essa Unidade de Conservação, mas nós temos aqui um coletivo de justificativas para que se crie essa Unidade.

Implementação das estratégias de conservação e recuperação previstas no Plano Diretor. Na última revisão, esta Casa se dedicou muito mais à parte normativa e regulamentadora do Plano Diretor, que trata da cidade consolidada, esquecendo-se de outros capítulos do Plano Diretor que abordam as estratégias de desenvolvimento, que buscam o desenvolvimento sustentável. O Plano Diretor desta Cidade tem a palavra “ambiental”, e não é à toa; e tem a necessidade de estabelecimento de corredores ecológicos. Nós temos também mestrados, agora, na UFRGS, sobre esse tema, com informação bastante apurada, apontando quais seriam essas áreas para serem estabelecidos corredores ecológicos. E tenho que reconhecer que a última revisão do Plano Diretor aqui, e isso é importante, apontou a necessidade de estabelecer corredores ecológicos na área no entorno do Morro São Pedro. Então, temos elementos aqui, base legal, para fazer isso, e é uma coisa importante, inclusive para a sustentação genética dessas Unidades de Conservação.

No cenário nacional, existem publicações no Ministério do Meio Ambiente. Vocês podem identificar aqui, em vermelho, as imagens de Porto Alegre, das áreas com alta importância biológica, que coincidem com o Delta do Jacuí, com Itapuã, lá embaixo; as áreas que correspondem aos nossos morros - Morro São Pedro, Morro da Extrema - ligando com o Lami, que são de reconhecida importância biológica no Plano nacional. Embaixo, seriam as prioridades de ação, que também estão apontadas. Isso deve acessar recursos do Governo, no Plano Federal também.

O nosso próprio modelo espacial do Plano Diretor aponta essas áreas como áreas importantes para serem objetos de conservação da biodiversidade. Falta o detalhamento. As APANs, Áreas de Proteção do Ambiente Natural, que estão previstas no Plano Diretor, têm, até então, aqui em Porto Alegre, uma previsão de detalhamento em parque natural e reserva biológica. À luz do sistema nacional de Unidades de Conservação e do próprio SMUC, que vai ser tratado aqui, o Plano Diretor deve avançar nessas áreas também. Isso é uma pauta importante a ser trabalhada por esta Casa no aprimoramento do nosso Plano Diretor.

E a criação da Unidade de Conservação no Morro Santana, que seria outra iniciativa viável. Isso é importante também, é um hotspot aqui de Porto Alegre; já há uma iniciativa da Universidade nesse sentido. Quero crer que, em pouco tempo, eu sou otimista nesse aspecto, vamos conseguir avançar nesse processo também.

Eu sou de uma geração que militou pela efetivação do Parque Estadual de Itapuã e fico feliz de ver que hoje ele é um parque aberto, consolidado, estruturado. Nós temos ações a fazer. O Plano de Manejo do Delta do Jacuí, da APA, está em andamento, e isso é uma coisa importante também.

Aqui, eu encerro esta minha fala. Um dos ecossistemas mais importantes que temos em Porto Alegre e que é detentor de diversos gradientes de toda essa biodiversidade são os morros, e eles são insuficientemente protegidos, conservados na cidade de Porto Alegre. E digo o porquê. O que é que nós temos de Unidade de Conservação em morros aqui em Porto Alegre? Nós temos só o Morro do Osso, e isso é menos de 0,5% desses ecossistemas em toda a área da Cidade - nós teríamos de chegar a 10%.

Por isso, eu reafirmo aqui, acho que é muito importante isto que vamos tratar - perdoem-me se gastei um pouco mais de tempo: essa legislação do Sistema Municipal de Unidades de Conservação e os próximos passos que nós vamos dar na consolidação, na ampliação dessas Unidades de Conservação, são fundamentais para que aumentemos a proteção da Mata Atlântica desse hotspot internacionalmente conhecido aqui na Cidade e que Porto Alegre possa dar a sua contribuição adequada e devida não só para essas gerações, como para as futuras gerações.

Não posso deixar de mencionar, porque tenho um vínculo direto com estas questões que estamos tratando aqui, as mudanças que estão em curso no Código Florestal. Eu queria fazer essa comparação e gostaria que vocês estendessem esse tipo de visão para outros Parlamentares, para os nossos representantes no nível federal, que têm essa responsabilidade. Ao mexer no Código Florestal, nas Faixas de Preservação Permanente, nas nascentes, com base nas propostas que estão encaminhando, eu gostaria que vocês entendessem que isto é a mesma coisa que vocês estarem mexendo nos alvéolos dos pulmões de vocês ou nos vasos sanguíneos que estão no coração de vocês, é o mesmo procedimento. O afeto, o cuidado, a preocupação que nós devemos ter ao mexer nesta legislação seriam os mesmos se fôssemos fazer uma intervenção no peito. Tendo essa dimensão, essa visão, talvez tenhamos um sentimento, um afeto proporcional à importância disso. Esse é um aspecto, acho que central.

Quero aqui, de fato, agora encerrando, dizer o seguinte: o conjunto da sociedade, a população urbana assiste a esse debate do Código Florestal como se fossem pessoas lá da área rural que estão debatendo assunto do interesse deles com ambientalistas, que também estão fazendo um debate do interesse deles.

Então, o conjunto das pessoas não compreende; não tem, no meu entendimento, a visão e a preocupação, de fato, de que este é um debate que tem reflexo direto - e não é uma analogia; é uma relação direta - nos teus alvéolos e no teu coração, no teu sistema sanguíneo. É isso que está em jogo.

E, aqui, o que nós estamos tratando, tem vínculo com isso, tem essa relação. E eu gostaria de compartilhar com essa visão de vocês, como alguém que trabalha há mais de 15 anos, quase que cotidianamente, citando o Código Florestal, desenhando áreas de nascentes, fazendo a ação fiscal e fazendo intervenção em Áreas de Preservação Permanente. É o que a gente procura fazer.

Eu, mais uma vez, agradeço a oportunidade e peço desculpas pela extensão do tempo, mas acho que a oportunidade era inadiável. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Obrigado, Sr. João Roberto.

A Srª Maria Carmen Sestren Bastos, Bióloga e funcionária da SMAM, está com a palavra.

 

A SRA. MARIA CARMEN SESTREN BASTOS: Muito boa-tarde. É uma honra para mim estar aqui para falar com vocês.

Eu vou falar sobre o Sistema Municipal de Unidades de Conservação. Eu fiz parte do grupo de trabalho que redigiu, junto com a assessoria jurídica da SMAM, este Projeto de Lei.

Primeiro, eu trouxe algumas questões mais filosóficas e de fundo para, depois, nós entrarmos mais profundamente no assunto. Então, eu trouxe esta pergunta: por que o Poder Público deve preservar? O direito ao meio ambiente é um direito difuso, e os direitos difusos têm que ser defendidos pelo Poder Público. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário têm que cuidar daquilo que é direito de todos; não é direito de um ou de outro. É direito de todos ter um meio ambiente equilibrado.

Se não houver esse regramento público, se não houver essa defesa do meio ambiente pelo Poder Público, cada indivíduo vai pensar no seu direito econômico, no seu direito individual, na sua vontade de lucrar mais, de vencer na vida.

Então, o que acontece é que essa prioridade, no ganho econômico, impede a preservação, porque cada um é dono de um pedacinho de terra, e cada um, no seu pedacinho de terra, quer ter o maior lucro que puder ter. Os recursos são limitados, mas a nossa vontade, os nossos desejos de consumo, a nossa vontade de ter mais coisas não tem limites - essa é uma ideia de Gandhi. Por isso, o Poder Público tem que fazer este papel de criar regras, de dizer que tem que ser preservada alguma área - com critérios, é claro.

Como, então, fazer isso? É necessário preservar em diferentes níveis. Na Cidade, há áreas que devem se manter gramadas, deve se manter a arborização urbana, e também tem que existir algumas áreas intangíveis, porque alguns animais e plantas não conseguem conviver com a nossa forma de viver; algumas plantas e animais não conseguem conviver com o homem, porque nós modificamos o ambiente de uma forma que animais mais delicados não conseguem viver na cidade. A gente vê algumas espécies - um tico-tico, um bem-te-vi - vivendo na Cidade, mas também vemos outras que desaparecem quando a gente começa a urbanizar. Então, por isso é importante que também haja áreas a que a gente não tenha acesso: lá vão viver aqueles seres vivos com os quais, infelizmente, não conseguimos conviver, a não ser que seja só visitando bem rapidamente.

É importante manter a interconectividade entre as áreas preservadas, porque essas espécies, para se manterem, precisam ter uma troca gênica, como nós, biólogos, chamamos, ou seja, eles precisam encontrar animais da mesma espécie de uma outra família, para que eles possam trocar gens e para que a espécie não desapareça.

As áreas protegidas são de vários tipos; elas podem ser Áreas de Preservação Permanente, Reservas Legais e Unidades de Conservação - nessas últimas, nós vamos nos deter um pouco mais hoje. Para começar a falar sobre Unidades de Conservação, eu queria falar sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

O Governo Federal vem criando, há bastante tempo, Unidades de Conservação, mas o Sistema foi criado no ano de 2000. Ele organiza a criação, ele rege o gerenciamento das Unidades de Conservação. Então, é uma Lei geral que prevê também a integração entre os entes federais, estaduais e municipais. Então, existe o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, existe o Sistema Estadual de Unidades de Conservação e deve existir o Sistema Municipal de Unidades de Conservação. Por isso foi criado, durante a época em que o Ver. Beto Moesch era Secretário da SMAM, um grupo de trabalho, para que essa Lei que rege o Sistema Municipal de Unidades de Conservação fosse detalhada.

Esse grupo de trabalho, que foi feito por técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, elaborou esse Projeto de Lei que foi enviado a esta Casa. Esse Projeto de Lei visa a regrar as Unidades de Conservação Municipais e integrar o Município nesse sistema estadual e nacional.

O que é uma Unidade de Conservação, afinal das contas? É um espaço territorial e seus recursos ambientais, com objetivos de conservação e limites definidos por norma legal, criada pelo Poder Público. São diversas as categorias, e elas se organizam num gradiente de uso, desde a área mais restrita e mais intangível, que é a reserva biológica, até as unidades de uso sustentável, como uma APA, onde é possível, inclusive, pessoas morarem, mas dentro de um regramento.

São dois grandes grupos de UCs, então: o primeiro, Proteção Integral, cujo único uso permitido é o indireto, ou seja, a visitação, caminhadas, sendo que, às vezes, é permitido acampamento, mas não são permitidas coleta, degradação, caça, pesca; o outro grupo é o Uso Sustentável, que são aquelas unidades que são criadas em locais onde vivem pessoas há muitas gerações, e essas pessoas que vivem ali podem se manter ali, desde que sigam certas regras, que, geralmente, são as regras que a própria comunidade já tinha, aquela regra de não ter um consumo excessivo, de não caçar ou pescar ou coletar além do que é possível para que se sustente aquele ambiente através dos tempos e das gerações.

Então, quais são as categorias de Proteção Integral? A estação ecológica, de que temos como exemplo o Taim; a reserva biológica, de que temos como exemplo a Reserva Biológica do Lami; o parque natural municipal, sendo que, em Porto Alegre, nós temos o Parque Natural Morro do Osso e o Parque Natural Saint-Hilaire; monumento natural e refúgio da vida silvestre. Dentre essas categorias de Unidades de Conservação, o uso é indireto, não é permitida a coleta, a depredação, a moradia, etc.

As unidades de Uso Sustentável são áreas de proteção ambiental: Área de Relevante Interesse Ecológico, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. Essa última é uma categoria bem interessante, porque ela é criada pelo Poder Público, mas por iniciativa do seu proprietário. Então, se eu tenho uma área que é bem preservada e eu quero que ela mantenha-se preservada, eu vou ao Poder Público e peço a criação de uma RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural.

No Município de Porto Alegre, então, como eu já citei antes, nós temos estas três primeiras Unidades de Conservação: Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, Parque Natural Municipal Saint-Hilaire, Parque Natural Morro do Osso, e existe a possibilidade ou a indicação da criação de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral no Morro São Pedro. A categoria, nós ainda estamos discutindo internamente na SMAM, assim como a área que vai ser determinada como proteção integral. Aqui nós temos o mapa das nossas Unidades de Conservação, que estão em vermelho. A área é bastante aproximada do que está desenhado, a não ser a futura Unidade do Morro São Pedro, em que nós só colocamos uma bolinha, só para identificar o local.

Um pouquinho de informação sobre cada uma delas: a Reserva do Lami foi criada em 1975, tem quase 180 hectares; o Parque Natural Saint-Hilaire foi criado, há muito tempo, como hortoflorestal, e foi transformado em Unidade de Conservação em 2003, tem 1.148 hectares; e o Parque Natural Morro do Osso, que foi criado em 1994 e tem 127 hectares. A Unidade de Conservação de Proteção Integral São Pedro, que ainda não foi categorizada, será criada pela medida compensatória dos impactos da instalação da estação de tratamento de esgoto de Porto Alegre, o Socioambiental. O objetivo é proteger as nascentes do Arroio do Salso. Existe a possibilidade de se criar ali um mosaico de Unidades de Conservação, ou seja, uma área-núcleo, intangível, Proteção Integral, e, por iniciativas de outros tipos, fazer outras Unidades de Conservação, como RPPNs nas outras propriedades, mas isso é só um indicativo.

O Sistema Municipal de Unidades de Conservação tem algumas vantagens, é necessário que ele seja criado. Uma das vantagens, para nós, é que ele garante democratização ao meio ambiente; é aquela primeira parte de que eu falei. Para nós, é importante preservar, é importante que o Poder Público tenha coragem de criar essas áreas porque é importante para todos, não é para um ou para outro. Outras vantagem são a garantia do direito de seres vivos não humanos e as compensações ambientais.

As Unidades de Conservação são protegidas, em si, e a sua zona de amortecimento também. Então, quando um empreendimento impactante se instala dentro da zona de amortecimento, esse empreendimento paga uma compensação ambiental que vai sustentar essa Unidade de Conservação. Então, não é nada pesado para o Município sustentar uma Unidade de Conservação se a gente tiver um sistema municipal, porque assim a gente vai usar esse dinheiro de uma forma correta para preservar o meio ambiente, e o Município não vai ter prejuízo.

A criação de RPPNs municipais também só é possível depois que a gente aprovar essa lei. Por isso, nós pedimos encarecidamente que essa lei seja aprovada logo, com ou sem emendas - esta Casa vai tomar a decisão mais sábia -, mas que um resultado venha. Muito obrigada, meu e-mail está à disposição. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Agradecemos à Srª Maria Carmen Sestren Bastos, bióloga e funcionária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a sua manifestação, e a convidamos para retomar seu lugar à Mesa.

A Srª Simone Mirapalhete, Diretora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, está com a palavra.

 

A SRA. SIMONE MIRAPALHETE: Boa-tarde a todos. Para mim, está sendo uma grande honra estar hoje aqui, na Semana do Meio Ambiente, uma semana onde há várias ações pelo Estado todo e pelo Município também, e eu venho aqui não como Diretora do Museu de Ciências da Fundação Zoobotânica, mas para colaborar com esta Casa para a aprovação do Projeto de Lei que cria o Sistema Municipal de Unidades de Conservação, que é superimportante; os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, o Beto e Carmen, já expuseram a importância da aprovação dessa lei. Eu trago aqui a experiência de ter gerenciado as Unidades de Conservação, no ano de 2000 a 2004, no Município de Porto Alegre, e de ter também colaborado em alguns planos de manejo das unidades do Município de Porto Alegre. Eu trago a esta Casa, Ver. Dib, que sempre está atento, alguns pontos de destaque com relação a esse Projeto de Lei. Eu acho que ele está em total consonância com a Lei nacional que cria o Sistema Municipal de Unidade de Conservação, ele foi feito pelos técnicos da SMAM, e está em consonância também com a questão do SEUC - Sistema Estadual de Unidades de Conservação -, em que diz que cada Município que tem as suas unidades de conservação pode elaborar o seu Sistema Municipal de Unidade de Conservação. Acho que temos que, conforme as peculiaridades do Município, explorar o Projeto.

Então, eu trago algumas iniciativas, porque, enquanto fui Assessora Parlamentar nesta Casa, há seis anos, pude contribuir com algumas emendas. Claro que eu sei que esta Casa votou em algumas Comissões pela não aprovação das emendas, mas acho que ainda há tempo de trazer à discussão alguns pontos, antes da aprovação. É importante a aprovação, sim; eu acho que o Município precisa dessa lei para poder fazer a gerência, para criar as suas Unidades de Conservação e fazer a melhor gestão dessas Unidades.

A primeira sugestão que eu trago é com relação ao fato de sempre incentivar a participação da população, seja do entorno das Unidades de Conservação, seja a própria população do Município de Porto Alegre ter a iniciativa de participar da gestão. Eu acho que garantir que a comunidade possa participar, desde a criação, da efetivação, dos conselhos e da própria gestão da Unidade de conservação garantiria mais a preservação, porque a gente sabe que quem conhece e quem participa acaba atuando mais. Então, garantir a preservação em todas as etapas, desde a formação da categoria da unidade, da discussão junto aos técnicos, até mesmo na gestão, depois, junto ao Conselho.

O segundo ponto que eu trago para vocês é referente ao incentivo de atividades de educação ambiental em todas as categorias das Unidades de Conservação não só nas que são de gerência do órgão público, mas naquelas das RPPNs, que os proprietários também têm interesse de preservar. Isso contribui para o Município, contribui na questão da preservação, da melhoria do clima da Cidade, e eu acho que deve ser incentivado, cada vez mais, que tenhamos atividades de educação ambiental em todas as categorias das unidades.

O terceiro ponto que eu trago para poder discutir com os Vereadores é a questão de garantirmos a gratuidade. Todas as Unidades de Conservação, todos os parques municipais de Porto Alegre são de acesso a todas as pessoas. Claro que, dentro das unidades de conservação, há a questão das regras, como se pode ou não usar bicicleta; se pode ou não subir com cachorro; em algumas Unidades não; em alguns parques andar com a coleira. No PLCE, o que me chamou a atenção é que se poderia cobrar ingresso. Acho que isso, de repente, a gente poderia discutir e deixar em aberto para que, em todas as Unidades de Conservação, fosse gratuita a passagem das pessoas, porque isso acaba excluindo, algumas vezes as pessoas não têm, por menos que seja R$ 2,00. Por exemplo, no Jardim Botânico, onde eu atuo no Museu, há exclusão; se a pessoa não tem os R$ 2, 00, acaba não entrando. Claro que há atividades em que você acaba isentando, mas, se você ingressar na Unidade e houver uma cobrança, você acaba excluindo algumas pessoas.

Quarto ponto que trago à discussão é a troca de categoria. Hoje você está com uma Unidade de Conservação de uso integral, que é bem de proteção mesmo, restrito o seu uso somente para pesquisa, para atividade de educação ambiental, você transformar em sustentável, acredito que vá contra o Sistema Nacional de Unidade de Conservação. Acho que, cada vez mais, se tem que preservar. Então, o trocar de uso integral para sustentável, acredito que estaria abrindo muito mais, deixando que as espécies estejam... Poderíamos usar mais os recursos, mas acho que, no integral, se garante mais a preservação da biodiversidade.

Quinto ponto, Ver. João Antonio Dib, é o art. 41, onde o sistema municipal diz que pode ser criado um Serviço Especial de Fiscalização. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente tem hoje, no seu Estatuto dos servidores, o cargo de Guarda-Parque. Ela deve, sim, fazer mais concursos, ter mais pessoas com qualificação, com treinamento e que devam ser, sim, utilizadas na preservação dessas áreas naturais, das Unidades de Conservação, e não nos parques urbanos.

Eu deixaria para os Srs. Vereadores discutirem se não precisaríamos criar um outro serviço; a Secretaria do Meio Ambiente tem seus fiscais para todas as questões de fiscalização e licenciamento, mas também tem o cargo Guarda-Parque, que deve ser, sim, o principal atuante na preservação, nas atividades de educação ambiental dentro das Unidades de Conservação.

Um sexto ponto que deixaria para os Vereadores discutirem é que a SMAM instigue, cada vez mais, a criação dos seus conselhos consultivos das Unidades de Conservação e não deixe a critério do art. 49, caso não tenha o Conselho, que o Comam ficaria designado para tal tarefa. O Comam tem tantas tarefas pela Cidade, que a SMAM deveria, junto com a população, instigar a criação, sim, das Unidades de Conservação, criar os seus conselhos consultivos, instigar, cada vez mais, a participação e a criação efetiva desses Conselhos, e não designar ao Comam, mas instigar mais a participação e a criação desses Conselhos.

Da gratuidade, acabei falando que a popularização da ciência e o acesso às Unidades é muito importante.

Por fim, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 005/07 traz, no seu art. 69, quais são as Unidades de Conservação do Município. Acho que, nessa Lei, cada vez, na criação do Morro São Pedro, na criação do Morro Santana, na criação do Morro do Salso, em qualquer outra Unidade criada, vai ter que ser feita uma nova emenda, revisando sempre; então, eu acho que o Sistema Municipal de Unidades de Conservação é um sistema para ser executado pela Secretaria do Meio Ambiente e lá, sim, ter o cadastro de todas as Unidades de Conservação. E cada Unidade de Conservação vai ter sua lei específica. Então, não precisariam, nessa Lei, estar nominadas todas as Unidades - hoje há apenas três, mas poderia haver muito mais.

Também quanto à minha preocupação, como eu tinha falado, de passar de uma categoria de proteção mais restritiva, como é a de Unidade de Conservação de Uso Integral, para a sustentável, eu quero dizer que o art. 70 diz que o Município vai, em três anos, apresentar uma nova categoria para o Parque Saint-Hilaire. A gente sabe dos problemas, Ver. Garcia, do Parque Saint-Hilaire; a gente gerenciou, a gente sabe das invasões, dos problemas de caça, de corte e de uso do cipó, mas a gente deve ter, sim, ações efetivas; na questão da vulnerabilidade de moradias na região, acho que a gente tem que solucionar, mas não recategorizar a Unidade de Conservação; ela não deve, no caso, sofrer com isso. A gente tem que ter ações para que as pessoas que estão lá hoje possam ter a sua moradia digna fora da Unidade de Conservação. Aí não se precisaria botar para sustentável; acho que ela tem que continuar sendo integral, sim. Ela tem como principal função a barragem da Lomba do Sabão, já que o abastecimento da Lomba do Sabão é da barragem. Então, nós temos que garantir, sim, a preservação daquela área. E aí, sim, com regularização fundiária em outras áreas para as pessoas que estão lá e não recategorizá-las.

E, por último, Verª Maria Celeste - que também está sempre defendendo as áreas verdes de Porto Alegre -, a SMAM tem muita capacidade técnica, os servidores têm publicações, como o diagnóstico ambiental, que o Ver. Beto mesmo efetivou em março de 2008. Esse diagnóstico é a base para termos, em outras áreas do Município de Porto Alegre, a priorização de Unidade de Conservação. Então não precisaríamos, no art. 71, dar mais dois anos para que o Município publique ou indique outros locais para ter área de preservação. Acho que já há subsídios, os pesquisadores já sabem onde é importante ter áreas de preservação. Então, como já se tem o diagnóstico ambiental também, não seria necessário esperar a aprovação do Sistema Municipal de Unidade de Conservação para o Município identificar áreas para poder preservar. Eu acho que isso a gente poderia já ter um estudo, já poderiam estar vindo para esta Casa alguns projetos efetivando outras áreas de Unidade de Conservação. Claro que nós sabemos que, conforme a categoria, haverá desapropriação, mas há outras que podemos fazer com outras categorias, outras propriedades, proprietários que queiram preservar - acho que tem como a gente fazer.

Quero louvar esta Casa, Presidente Toni Proença, porque, na Semana do Meio Ambiente, traz os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente para discutir justamente esse importante Projeto trazido pelo Ver. Beto, para ser votado nesta Casa. Eu acho que esta Casa pode e deve votar esse Projeto que é superimportante para o Município de Porto Alegre, que está sempre avançando na questão da legislação ambiental. Seria mais um avanço o Município ter o seu Sistema Municipal de Unidade de Conservação. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Nós é que agradecemos a Simone Mirapalhete, Diretora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul pela sua apresentação.

Como é da dinâmica deste período de Comunicação temático, passamos a manifestação dos Vereadores inscritos.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver. Toni Proença, eu queria saudar o Roberto, a Carmen e a Simone, que, generosamente, vêm aqui contribuir com este debate. Eu, há alguns dias, na Mesa Diretora, propus que ouvíssemos pessoas que têm conhecimento específico do caso das Áreas das Unidades de Conservação em Porto Alegre, porque é um Projeto denso, ele tem um grau de complexidade e precisa ser bem analisado, debulhado, efetivamente, por cada uma e cada um de nós, Vereadores, aqui.

Eu, depois das suas falas, teria poucas coisas a acrescentar ou a questionar, mas, muito mais, se vocês, que são técnicos, se predispusessem, nos próximos dias, a nos dizer se concordam ou discordam das Emendas apresentadas - são várias Emendas -, pelo menos da parte que me cabe, das poucas que fiz, sempre para colaborar, e disse isso ao Vereador, Líder do Governo, João Dib. Há, também, um conjunto de Emendas que o Ver. Barbosa fez, quando Vereador nesta Casa, e me lembro também que conversara com ele no momento, era exatamente para fazer algumas adequações que eram consideradas necessárias. Mas nós precisamos, se possível for, de uma opinião de vocês para que a gente possa, com tranquilidade, votar, aqui, o Sistema Municipal de Unidades de Conservação. Acho que Porto Alegre precisa caminhar para essa efetiva adequação. Nós precisamos conservar essas áreas importantes de verde, de natureza, de morros que nós temos em Porto Alegre. Eu lastimo que, em alguns momentos, os governos, os gestores, não tiveram o devido cuidado, e nós vimos efetivas destruições dentro dessas próprias áreas ou em áreas próximas, em áreas que não são exatamente de conservação, mas que precisariam também ser conservada. Se nós não tivermos esse Sistema e se não tivermos uma política efetiva para trabalhar a questão da preservação das nossas nascentes também, nós teremos problemas, como vi, recentemente, no bairro Lomba do Pinheiro. Temos várias nascentes na Cidade, inclusive em área contígua ao Parque Saint-Hilaire, ali na Lomba do Sabão, onde estive com alguns Vereadores e com funcionários da Prefeitura. Tivemos um conjunto de ações na Vila dos Herdeiros para garantir efetivamente a vazão da água quando houver chuvas, porque, em alguns momentos, houve uma verdadeira devastação por causa da erosão, por causa dos elementos que foram jogados ou que se acumularam, ao longo do tempo, naquela margem da represa da Lomba do Sabão. Eu dou apenas este exemplo, mas poderia dar vários, porque a gente vê, quando há qualquer chuvarada em Porto Alegre, o quanto estamos devendo em termos de conservação da natureza.

Portanto, solicito a generosidade da Simone, da Carmen e do Beto, para que possam dar a sua opinião, pode ser a opinião pessoal - eu sei que vocês estão todos em órgãos públicos, ou no Município ou no Estado, mas uma palavra de vocês sempre é uma segurança maior, para que possamos votar aqui, com tranquilidade, o chamado SMUC - Sistema Municipal de Unidades de Conservação. Eu fico feliz que a gente tenha conseguido decidir isso na Mesa e ter a contribuição de vocês. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Comunicações.

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Prezado Ver. Toni Proença, na presidência dos trabalhos; os nossos convidados de hoje: o Beto, a Carmen e a Simone - sejam bem-vindos. O tema que vocês trazem a esta Casa, prezados colegas Vereadores, é e deve ser sempre de primeira relevância. A política ambiental, todos concordamos, é necessária, é um tema sempre de primeira necessidade, mas sabemos das dificuldades, principalmente do entendimento político, para se tornar realidade.

Eu trago aqui algumas opiniões e sugestões a respeito não só do Projeto das Unidades de Conservação, que está apresentado, que é uma necessidade, mas um pouco mais além dele. Eu faço uma análise de que Porto Alegre vem perdendo muito na política ambiental, principalmente por falta de compreensão e determinação política de quem está na gestão da Cidade.

Recentemente perdemos uma grande oportunidade - na Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - de avançarmos na demarcação das áreas que estão conceituadas no nosso Plano Diretor como áreas do ambiente natural. Elas poderiam ser demarcadas, gravadas como tal, para que toda a sociedade possa saber - principalmente nesse território que está abrangido em grande parte pela Região Centro-Sul da cidade de Porto Alegre e que ainda não tem a sua ocupação definitiva - que podemos preservá-las o máximo possível nesse confronto da urbanidade consolidada com o ambiente natural.

A Região Sul vem sendo corroída pela falta de uma política mais efetiva em Porto Alegre.

Então, de que as Unidades de Conservação são necessárias, não temos dúvida nenhuma. Aqui, quando faço essa análise crítica sobre a falta de força política do tema ambiental, obviamente estou me referindo à nossa categoria de políticos que fazem a gestão do Município.

O Município de Porto Alegre é um dos Municípios que possui um quadro técnico de primeiro quilate na sociedade brasileira quanto ao trabalho dos temas ambientais. Porto Alegre participa, já foi pioneira na proposição de um conjunto de temas. Podemos lembrar do Atlas Ambiental, uma publicação que serviu de referência a muitos Municípios do Brasil e do Exterior.

Eu tive a oportunidade de ir à cidade de Arequipa, no Peru, onde encontrei um Atlas Ambiental que foi espelhado no Atlas Ambiental de Porto Alegre, produzido em uma cidade do altiplano peruano. Portanto, essa é a referência que trago.

Esse conflito existe ainda e se reflete na gestão do Município, na gestão da produção do Município, que, no licenciamento dos projetos, o tema ambiental aparece sempre como o vilão, e a política de gestão é sempre insuficiente para poder inserir o tema ambiental como um tema a ser considerado e não como um tema a ser repelido. Nesse sentido, Presidente, eu levantei um debate, várias vezes, e nos remete a uma dúvida nesta Casa: o Socioambiental, lá em 2001 e 2002, na Audiência Pública que foi feita, do Pisa, determinou que, como compensação, deveria ser feito o Arroio do Salso, o Parque Linear do Arroio do Salso, que nasce lá na foz do Arroio do Salso, na Ponta Grossa, e que iria até as nascentes, no Morro São Pedro e na Lomba do Pinheiro e mesmo Belém Velho. Pelo que nós sabemos das negociações que se realizaram depois, no Governo Fogaça, foram retirados os recursos para a compensação desses temas. Eu gostaria que, em nome desta Casa e do senhor, Presidente, nós pudéssemos fazer um Pedido de Informações, para que pudéssemos nos situar dentro do tema: os recursos para o Parque Linear Arroio do Salso e para a Unidade de Conservação do Morro São Pedro. Foi uma grande discussão que fizemos na Cidade, e eu me lembro disso, no ano de 2000, 2001 e 2002, e que ficou, naquele momento, ajustado. E já se passaram 10 anos, 12 anos, e nada conseguimos concretizar para dar sustentação à política dos técnicos. Também o SMUC está aqui há quatro anos, e o Governo, até hoje, não determinou como prioridade. Portanto, esperamos que o Líder do Governo e o Prefeito José Fortunati possam tratar esse tema como uma prioridade da política municipal dentro do contexto da Cidade e da referência ambiental. Um grande abraço. Cumprimento novamente a Simone, a Carmen e o Beto. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Solicito ao Ver. Engenheiro Comassetto que faça por escrito a solicitação, para que a Mesa a encaminhe.

A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; representantes da SMAM, a Carmen e o Beto, que estão conosco, e a nossa querida Simone que, agora, assume uma tarefa na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, com muita alegria, aqui em Porto Alegre, para nós.

Eu penso que essa discussão da criação de um Sistema de Unidades de Conservação no Município de Porto Alegre pode e deve representar um grande avanço para a Cidade. Agora, eu tenho algumas preocupações, porque um Projeto que foi elaborado em 2007, e que, de fato, não foi priorizado ainda para votação, pode ter sido esquecido na memória de muitos porto-alegrenses e também de muitos Vereadores aqui. Eu não me lembro, à época - eu lembro que houve discussão na Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa -, mas eu não me lembro se houve o protagonismo de uma Audiência Pública, se essa discussão da elaboração desse Plano efetivamente foi feita na Cidade.

Eu vou fazer muitos questionamentos, Ver. Toni Proença, sobre este Projeto, porque eu acho que nós acabamos, ao longo desses quatro anos, perdendo referências e memórias importantes, porque um Projeto desta magnitude - e eu me lembro de que eu era Presidente da Casa, e o Ver. Beto Moesch procurou-me, era Secretário -, precisa e deve, sim, ser debatido com o maior número de entidades da nossa Cidade, envolvendo uma maior parcela da população, como a Simone falou, na elaboração do próprio Conselho que consta ali no Projeto de Lei.

Então, eu queria poder retomar, sim, esta memória das Audiências, se foram efetivamente produzidas, para a construção deste Projeto ou não. Talvez o Ver. Beto - eu achei que o senhor ia me anteceder na fala - tenha essa memória, para nós importante e significativa, porque a necessidade dessa discussão e o envolvimento de todas as parcelas da população, especialmente daqueles que moram perto das áreas de preservação, é de fundamental importância para a manutenção deste processo, e deste Projeto que nós queremos construir.

A segunda questão que eu quero também colocar: no Projeto - eu queria ver, talvez eu não tenha apreendido na fala de vocês -, deveria estar prevista a implantação de um banco de dados com informações atualizadas, dentro dessas Unidades de Conservação - informações atualizadas da fauna, da flora, dos recursos hídricos dentro dessas Unidades. Eu não percebi; talvez vocês possam nos explicar melhor se isso está previsto dentro do Projeto ou se isso está dentro do contexto das Emendas que a Simone trouxe para nós. Eu gostaria de que vocês pudessem me esclarecer.

E uma outra questão, Simone, que eu fiquei em dúvida na tua fala: quando tu acrescentas a palavra “sustentável” à Unidade de Proteção Integral. Eu sei que o Sistema Nacional classifica as Unidades em duas categorias: a Unidade de Proteção Integral e a Unidade de Uso Sustentável. E o Projeto não está muito claro. Parece-me que foi apresentada uma Emenda, agregando a palavra “sustentável”. Então, eu queria que vocês pudessem nos explicar um pouco mais qual é a diferença, porque o Sistema Nacional classifica em duas categorias, e parece que há uma unificação em apenas uma, com o acréscimo da palavra “sustentável”. E eu queria entender um pouco melhor, inclusive na linha do que o Ver. Adeli falou, de que posamos conhecer mais o Projeto e termos um esclarecimento técnico para adequação dessas palavras nas Emendas e nas propostas que estão no Projeto. Eu acho que isso nos facilitaria.

Também há a preocupação sobre o que vocês falaram da preservação do morro e de todas as questões, mas eu penso que essa questão particular da orla da Cidade, nós temos, também, que verificar como essa Unidade de Conservação estará dentro desse contexto, especialmente a Zona Sul e o Extremo-Sul da Cidade, e também aquela parte da Assunção. Nós temos ali lugares belíssimos, praias importantes da nossa Cidade que são ocupadas por proprietários particulares e que deveriam ser de uso comum, para todos. Isso também deveria estar dentro desse conceito de Unidade de Conservação da Cidade.

Por fim, quero dizer que nesta Semana do Meio Ambiente, tão importante para a Cidade de Porto Alegre, registro - eu não pude estar na tribuna ontem - o meu completo repúdio e desacordo com o que aconteceu na sede da Agapan nesta semana, na cidade de Porto Alegre. Essa Instituição é referência para todos os ambientalistas da Cidade, inclusive para o Brasil e para a América Latina, há 40 anos, e não deveria ter sido desrespeitada da forma como, até porque a sede ali é um centro de pesquisa do material utilizado, não é apenas um lugar de reunião. Quero lamentar, profundamente, que ainda não tenhamos recebido nenhuma resposta do Executivo por esse ato lamentável que envolveu especialmente a Secretaria do Município de Porto Alegre.

Então, eu quero aqui aproveitar, neste momento, para fazer esta solicitação, Ver. Toni Proença: que a SMIC, em decorrência de todo o envolvimento no episódio da Agapan, forneça respostas concretas para a população de Porto Alegre e também para a Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, também está aqui a Soraia, servidora da SMAM; o João Roberto, a Maria Carmen, a Simone, pessoas do quadro técnico. Primeiro, eu queria colocar que é normal, numa gestão pública, avançar; às vezes, ser pioneiro e, às vezes, não se conseguir ser vanguarda. Porto Alegre criou a primeira Reserva Biológica Municipal do País. Porto Alegre é das poucas cidades, infelizmente, no País, que tem Unidades de Conservação Municipal.

Portanto, nós temos a matéria; temos três unidades. Está em gestão a quarta, que é o Morro São Pedro. Então, está materializado, nós temos algo para dizer. E isso vem de vários governos, porque a sociedade assim entendeu - é bom que se diga também isso. A Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger; a Agapan; o Morro do Osso; as comunidades da Zona Sul, as entidades ecológicas, já em 1974; o Parque Saint-Hilaire; o Padre Rambo - anos 50. Quer dizer, isso é fruto de uma energia muito interessante que esta Cidade e este Estado têm com relação à proteção de seus recursos naturais.

Há uma ironia aí: por um lado, Porto Alegre é um dos poucos Municípios, em virtude da sua história, que tem e pode mostrar três Unidades de Conservação, com muito orgulho, e que, inclusive, pela primeira vez, no País, recebeu verba de um empreendimento de um outro território, duplicação da Refap, em virtude da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, para quem não sabe. A duplicação da Refap alocou verbas para a Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger. Um empreendimento em Canoas destinou verbas para o território de Porto Alegre, em virtude de uma boa gestão, reconhecida pelo Estado do Rio Grande do Sul: Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger! Qual é a ironia? Nós somos, hoje, um dos poucos Municípios que não têm um Sistema Municipal de Unidades de Conservação. Temos a matéria, não temos a forma, não temos o formato. O mais fácil, nós não temos, mas é tão importante quanto a matéria. Por que apresentamos o que deveria ser um decreto, e não um projeto de lei? Isso não deveria ser um projeto de lei. Podem ver que o formato não é de projeto de lei; isso aqui é um decreto, isso aqui é um regulamento, não precisa de lei para isso, isso já está na Lei Orgânica. Isso já está no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre, e já está na Lei Complementar nº 369, que institui o Sistema Municipal de Meio Ambiente, que prevê o Sistema Municipal de Unidades de Conservação, basta um decreto. Não deveríamos nem estar discutindo isso aqui! Nós deveríamos ter aprovado isso em 2007, porque, se tivéssemos aprovado, mais pesquisadores teriam vindo para Porto Alegre. Perguntem à Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Roberto, falaste aqui no Morro Santana -, por que não temos uma Unidade de Conservação do Morro Santana? Sabem por quê? Porque não temos o Sistema Municipal de Meio Ambiente. Sabiam disso?! Porque é uma área da UFRGS, não é da Prefeitura. O Município não pode criar a Unidade; só se desapropriar aquela área. A UFRGS quer criar a Unidade e não pode. Bom, como não temos, Fernanda, um Sistema Municipal, o que fez a UFRGS? Já que, lamentavelmente, absurdamente e por culpa desta Casa, tão somente desta Casa, que não votou...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Beto Moesch continua com a palavra em Comunicações, por cedência do Ver. João Antonio Dib.

 

O SR. BETO MOESCH: Nós temos, ali no Morro Santana, 350 hectares, com o plano de manejo feito pela UFRGS - corrijam-me se eu estiver errado -, a UFRGS pronta, com convênios, com entidades internacionais para virem aqui e não vêm, porque não se consegue criar Unidades de Conservação. Sabem o que ela fez? Já que não tem como fazer via SMAM, porque não temos a lei, que deveria ser um decreto, nem deveria ser Lei... E aí nós temos outdoors da Câmara de Vereadores dizendo: “Por uma cidade sustentável”, mas que cidade sustentável é essa que não tem nem um Sistema Municipal de Unidades de Conservação?

Eu não estou dizendo que nós estamos perdendo tempo aqui; muito antes pelo contrário, porque sempre aprendo muito com os técnicos e com os meus colegas, mas, por favor, gente, Copa do Mundo sem Unidade de Conservação? Copa do Mundo sem Sistema Municipal de Unidades de Conservação? Vamos mostrar o quê? Morros cheios de casas e com invasões? Ou morros preservados, com pesquisa, turismo e educação ambiental como diz a lei em vários artigos, que tem que ter educação ambiental nas Unidades de Conservação? Vários artigos. Aliás, todos os artigos evidenciam que tem que haver educação ambiental nas Unidades de Conservação. Todos! Todos os artigos falam em educação ambiental, todos falam na participação da sociedade. Está repleto! Por várias vezes, se diz nas diretrizes do Sistema, nos princípios: participação da sociedade, educação ambiental; educação ambiental, participação da sociedade. Será que é por isso que não votamos o Projeto até agora? Por que é que nós não votamos o Projeto até agora? Será que é por causa disso?

Pois a UFRGS fez o quê? Teve que buscar o Instituto Chico Mendes, que na época era o Ibama, já que não podia buscar a SMAM, Maria Celeste. Claro, o que é que o Ministério do Meio Ambiente disse? “Olha, me desculpe, mas nós temos que cuidar ...” - eu nem estou concordando com o Ministério do Meio Ambiente - “... mas nós temos que cuidar do Taim, que tem 36 mil hectares; dos Aparados da Serra, que tem trinta e não sei quantos mil hectares.” Nós não temos como ajudá-los a cuidar de uma área de 350 hectares. Sinto muito. Então, ficamos sem Unidade de Conservação, ficamos sem pesquisa, ficamos sem educação ambiental, ficamos sem uma proteção eficaz do Morro Santana, porque não temos o Sistema Municipal do Meio Ambiente. Agora, o que nós temos que fazer é o seguinte: quem é que está por trás da não aprovação e votação dessa Lei? É isto que temos que saber: quem é que está trancando a votação desse Projeto desde 2007? É muito fácil estragar a festa e não aparecer. O trabalho feito pelos servidores da SMAM, do quadro, com o apoio de técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Defap, com o apoio do, na época, ainda Ibama, Instituto Chico Mendes; com o apoio de técnicos e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da PUC. Ou não é verdade, Beto? O Beto participou desse Projeto aqui. Nós deveríamos ter votado esse Projeto na Semana do Meio Ambiente, lá em 2007. Estamos em 2011, discutindo o quê? Por favor, discutindo o quê? O que já está na Lei Federal? Repetindo aqui, Sr. Presidente, na Lei Municipal, o que já está na Lei Estadual? É isso. Nós estamos apenas dizendo o seguinte: vocês já dirigem; agora, podem ter a carteira. É isso que está dito aqui, mais nada, gente, por favor!

Para finalizar, Sr. Presidente, o Sistema facilita à Prefeitura buscar verbas internacionais a fundo perdido; sem o Sistema, complica - perguntem para o Ministério do Meio Ambiente, perguntem se não complica -, e nós viabilizamos aquilo que é tão importante quanto as Unidades de Conservação públicas, como a do Morro Santana, que é a criação das Unidades particulares, criando os corredores ecológicos, sem precisar desapropriar! O proprietário não pode fazer uma obra ali, porque é um topo de morro, é uma encosta, é beira de recurso hídrico, é uma área de preservação permanente! Não pode usar. Cria-se a reserva particular de ambiente natural, ele entra no sistema, e, entrando no sistema, ele pode se valer dos convênios já existentes das Unidades de Conservação públicas. É isso que quer a lei, mais nada. Só isso. Apenas isso. Eu só dei o exemplo da UFRGS, mas são vários proprietários que querem criar a reserva, eles querem, é o proprietário que quer criar. Aí nós vamos ter pesquisa, dinheiro, turismo. Onde está a Frente Parlamentar do Turismo? Onde está a Frente Parlamentar do Turismo em um momento como este? Turismo do quê? De concreto ou do que o Beto colocou aqui, um dos ecossistemas mais ricos deste País, que poucos porto-alegrenses sabem? Nós temos um dos ecossistemas mais ricos deste País e, portanto, deste planeta. É isso que é turismo. Estamos perdendo porque não temos o Sistema. Gente, esta Cidade foi muito longe em conseguir preservar a sua biodiversidade sem o Sistema Municipal de Unidades Preservação. Gente, vamos parar de discutir e vamos votar esse Projeto de uma vez. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; ilustres representantes da Secretaria do Meio Ambiente, eu serei muito rápido, vou registrar, com um pouco de tristeza, que nós estamos aqui com um Projeto que tem a idade de uma Legislatura, quatro anos, e nós não o votamos.

Esse pouco de tristeza é porque, 15 dias atrás, eu quis que fosse priorizada a votação para que, durante a Semana do Meio Ambiente, ele fosse votado. Eu confesso que não conhecia o Projeto. Aí eu vi alguns Vereadores dizendo que era muito difícil, que havia muitas dificuldades, mas hoje eu começo a ficar alegre, pois todos os Vereadores que falaram conhecem bem o Projeto, e, se alguma dúvida havia, os técnicos da SMAM as sanaram. É uma pena, nós chegamos a fazer uma tabela para que, das 33 emendas, se pudesse fazer uma discussão mais tranquila, mas não discutimos. E a última ideia foi apenas iniciar a discussão na Semana do Meio Ambiente, mas agora, depois do dia de hoje, eu tenho a impressão de que podemos priorizar o Projeto, e o Ver. Beto Moesch não vai mais reclamar que só Porto Alegre não tem. Porto Alegre também vai ter o seu projeto de proteção ao meio ambiente, vai ter o seu SMUC, e eu vou ficar muito contente, porque vai ser aprovado por unanimidade e, pelo visto, com o conhecimento de todos os Srs. Vereadores. São 33 emendas, a maioria delas foi rejeitada, mas, de qualquer forma, algumas estão aprovadas no Projeto que foi examinado, e nós vamos votá-lo ainda este mês, sem dúvida nenhuma. Saúde e PAZ e obrigado pela presença dos técnicos e pela belíssima exposição que aqui fizeram.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Presidente, Toni Proença; funcionários da SMAM - Betinho, Maria Carmen e Simone -, primeiro quero parabenizá-los pela forma bem didática com que fizeram a apresentação aqui. Fiquei contente, Betinho, porque, com a mesma veemência com que tu fazes as afirmações lá, vieste fazer aqui. Na realidade, vives isso no teu dia a dia.

Eu aprendi muito com vocês nesses dois anos e um mês que estive lá à frente da SMAM. Quero dar um testemunho. Quando foi falado na questão dos conselhos, a Maria Carmen, por exemplo, ela briga, ela faz o Conselho, inclusive ela sempre teve parceria com a AABB, que é lindeira, ela é quase que uma espécie de consultora da AABB, porque a AABB quer comprar o terreno do lado - essa é a função.

O Ver. Beto me falava que Passo Fundo e Santa Maria têm, e Porto Alegre, das capitais, não tem ainda. Eu quero dizer, Beto, que, em 2008, eu era Líder do Governo, nós tentamos votar o Projeto, mas não conseguimos. O que me causou mais surpresa foi que eu saí, virei Secretário, e, dois anos depois, o Projeto continua não sendo votado. Então, não sei até que ponto, na realidade, ele é uma prioridade para o Governo. Não estou fazendo nenhuma crítica ao Governo, mas nós sabemos que, quando um Projeto é prioridade, prioridade urgente urgentíssima, e nós temos uma ampla maioria aqui, nós conseguimos votá-lo.

Quanto à questão da UFRGS, quero fazer uma ressalva, porque hoje a própria Universidade do Rio Grande do Sul, ao fazer o cercamento, ela está considerando parte da área - que seria essa Unidade de Conservação - como parte perdida, porque as pessoas invadiram. Há centenas e centenas de moradores ao lado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no sentido da Bento Gonçalves. E tem todo o outro lado, inclusive onde tem a Escola Miguel Dario, aquilo é da UFRGS, é uma área belíssima, mas que, aos poucos, se não tiverem esse cuidado, será cada vez mais vai ser invadida, e criar uma Unidade de Conservação, nessa situação, fica mais difícil.

E a questão da Unidade do Morro São Pedro também é um situação agradável, mas, ao mesmo tempo, preocupante. A extensão máxima total seria de 1.400 hectares, a extensão máxima possível dessa Unidade de Conservação, ou seja, pouca gente sabe que 1.400 é maior do que o Saint-Hilaire - maior do que o Saint-Hilaire -, quer dizer, é uma outra área, sim, fantástica também que tem que ser discutida, ela está avançando, também o Pisa à medida que está chegando na fase final, mas tem que ver de que forma, porque, à medida que a população sabe, as áreas começam também a ter um valor de mercado diferenciado.

Mas eu volto a dizer que eu não tenho nenhuma dúvida de que este Projeto está mais do que maduro para ser votado; ele vai ser votado, e é aí que vai causar surpresa, pois o que nós vamos votar é aquilo que poderíamos ter votado quando veio, praticamente, na sua originalidade, com uma ou outra emenda. Então, na realidade, nós só perdemos três anos dentro desse sistema. Eu acho que foi oportuno, sim, fazer essa discussão, mas, daqui para frente, acho que não tem mais, ou o Governo não tem tanta prioridade, ou, se quisermos, há um termo que poderia ser usado, que é o “enrolation” e o “embromation”, porque há alguns setores que realmente não querem que isso seja aprovado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores, Vereadoras, eu, primeiro, queria saudar a bela exposição, excelente exposição do João Roberto, da Maria Carmen e as contribuições da Simone, porque foram muito educativas, elucidativas sobre o tema e muito didáticas.

Eu queria tocar em duas questões do que foi apresentado sobre o Projeto e sobre os prazos. Primeiro, que uma das coisas que estranha o Parlamento em todas as esferas do Parlamento, é a pressa para alguns projetos e a lentidão para outros, em geral os positivos para a Cidade.

Nós tivemos, aqui na Câmara Municipal, em 2009, quando eu entrei, sou marinheira de primeira viagem -, o Projeto do Pontal do Estaleiro, por exemplo, que nós dizíamos que tinha que segurar, que era um Projeto muito complicado para a Cidade, que supervalorizava uma área e destruía uma Área de Interesse Cultural, que é a área da Orla do Guaíba. Felizmente, a mobilização derrotou o Projeto - não nos termos do Parlamento, mas a mobilização social derrotou aquele Projeto.

E nós temos esse Projeto, desde 2007 - eu nem estava aqui -, arquivado, parado, demorando, sendo que, nesse meio tempo, poderiam ter sido feitas dezenas de audiências públicas, porque eu estou de acordo que o debate sempre contribui para qualquer projeto, mas quatro anos é tempo suficiente para ter uma audiência pública por mês, talvez, para ampliar o debate com a Cidade e com os bairros atingidos. Acho que foi importante essa contribuição, acho que foi fundamental. Então, isso, de fato, são marcas que fazem uma caracterização do tipo de democracia em que a gente vive e das limitações do Parlamento, ou o peso das pressões externas sobre os Parlamentos vide a votação agora do Código Florestal Ambiental lá em Brasília, na Câmara Federal, que foi construído, em 1965, por pesquisadores, por estudantes da universidade, por ambientalistas, numa Comissão, lá no Congresso Nacional, coordenada por Aldo Rebelo, às escondidas, no meio da campanha eleitoral; lamentavelmente, está sendo tratorado agora, no início de 2011, justamente na Semana do Meio Ambiente, e nós temos que lutar contra o desmanche, a destruição e a impunidade que prevê esse Código.

Eu queria falar para o João Roberto em relação a isso, que nós votamos aqui a primeira Moção de Repúdio do Brasil ao Relatório do Deputado Aldo Rebelo, proposta por mim e pelo Ver. Pedro Ruas, muito defendida pelo Ver. Beto Moesch e outros Vereadores, porque, para nós, é importante também que a sociedade, neste momento, faça um levante para derrotar a possibilidade de votação no Senado e depois exigir o Veto da Presidente da República, porque nós não podemos aceitar as barbaridades que estão previstas neste Código.

Quero voltar para Porto Alegre e dizer que é fundamental a aprovação desse Sistema Municipal de Unidades de Conservação; que a gente possa ampliar as Unidades de Conservação, consolidar o conceito e, sobretudo, pensar como transformar Porto Alegre, por um lado, numa cidade mais sustentável, num mundo marcado pelo aquecimento global, pelas mudanças climáticas, justamente, fruto da intervenção desenfreada e o uso dos recursos naturais do planeta afora, e, sobretudo, conseguir preservar aquilo que Porto Alegre tem, ou seja, uma rica biodiversidade, muito bem explanada pelo Roberto na sua fala. Acho, inclusive, que seria fundamental que ficasse publicado no site da Câmara esse material rico que foi trazido para nós, da importância da nossa preservação da Mata Atlântica em termos planetários: é o quinto bioma em preservação no planeta, foi o que nos contaste aqui na Câmara Municipal. E alguns detalhes, eu tenho certeza de que poderemos discutir melhor no momento da votação, como a questão da gratuidade. Parece-me que, em uma cidade como Porto Alegre, temos que avançar nos temas da gratuidade e exigir as contrapartidas no megaevento. Alguém que me antecedeu falou que, para a Copa de 2014, nós estamos vendo megaempreendimentos serem construídos, sendo prospectados para a cidade de Porto Alegre, inclusive, muitas vezes, ganhando área pública, o que muito nós debatemos nesta Câmara. E tem que deixar um conjunto de contrapartidas e recursos financeiros para a Cidade, seja para a mobilidade urbana, seja para a rede de infraestrutura do local, mas também para preservação do ambiente natural da nossa Cidade. Então, eu acho que nós podemos construir emendas que garantam a criação do Sistema Municipal de Unidades de Conservação e, ao mesmo tempo, cobrem daqueles que têm mais, daqueles que em geral usam em abundância os recursos naturais para obras de grande impacto, deixando contrapartidas para o futuro da nossa Cidade.

De qualquer forma, acho que é fundamental que a gente acelere os prazos e que a Câmara possa fazer um bom debate, mas, sobretudo, dar celeridade para uma votação importante. A votação ainda no mês de junho, como falou o Líder do Governo, que é a intenção do Governo, não exclui que se faça uma audiência pública, como foi sugerido por outros Vereadores, nesse meio tempo, para ouvir novas contribuições do Plenário. Acho que isso não exclui a sugestão da Verª Maria Celeste, da audiência pública, e nós votamos ainda em junho o Projeto, fazendo deste rico debate uma realidade para a cidade de Porto Alegre.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Presidente, Ver. Toni Proença, quero saudar também os que nos visitam, que nos honram com sua apresentação, o corpo técnico da SMAM, e dizer que a gente fica feliz em ter na Câmara, inclusive, os nossos dois Secretários que antecederam o hoje Secretário Záchia, o Ver. Beto Moesch e o Ver. Garcia, que muito bem dirigiram a nossa Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Nós acompanhamos esse processo desde 2007. Quando estávamos na presidência da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, aqui da Casa, tivemos a oportunidade, em parceria com o então Secretário Beto Moesch, de fazermos vários seminários no sentido de constituirmos um Código Municipal do Meio Ambiente - inclusive fizemos uma prévia, um início disso, e houve até uma solenidade na PUC, com presenças nacionais.

Mas eu quero dizer que já vai tarde essa questão que trata do nosso Sistema Municipal das Unidades de Conservação. É importante, e o Ver. Beto sempre nos mantém informados e nos dá aulas sobre essas matérias ambientais aqui na Casa, que nós realmente as constituamos de uma maneira que fique bem clara para a Cidade e que nós possamos fazer lá a educação ambiental, turismo ambiental, enfim, basicamente preservar o que é nosso, o nosso chão, a nossa Mata Atlântica. Eu acho importantíssimo que nós tenhamos a dimensão exata do que isso significa enquanto estamos aqui habitando a nossa Porto Alegre, pois, a cada dia, estamos vendo uma Cidade muito poluída, cada vez com mais veículos. Ontem, ao chegar em casa, eu olhei uma fumaça saindo de um ônibus e fiquei pensando que nós temos aqui, andando permanentemente, 1.650 ônibus, 4.000 táxis, 400 lotações, 600 lotações escolares - quase 700.000 veículos -, e a gente não tem a exata dimensão do que essa poluição significa, mas, com certeza, ela está afetando a nossa qualidade de vida e ainda vai nos afetar muito e muito. Não é à toa que, a todo momento, estão aparecendo no nosso noticiário, nas nossas pesquisas, questões importantíssimas que estão fazendo com que a nossa saúde seja prejudicada. Nós temos, agora, recentemente, em todo os noticiários, novamente a questão dos telefones celulares, das radiações emitidas, que podem levar ao câncer e a outras patologias, e nós vamos saber, efetivamente, disso ao longo dos anos. Então, acabamos convivendo com essas novas tecnologias, nos obrigando a utilizá-las em função do nosso trabalho, mas temos que preservar o nosso ambiente natural. E essas Unidades de Conservação são fundamentais para que vivamos bem, para que tenhamos uma Cidade como tantas outras que já dispõem isso no seu Sistema Municipal.

E quanto à questão do próprio particular, como já conversei com o Ver. Beto, que também tenha a sua Unidade de Conservação e disso possa usufruir, muitas vezes, com algum benefício fiscal, com alguma coisa que lhe facilite a manutenção, para que o meio ambiente seja cada vez mais preservado.

Então, acredito que temos que agilizar esse processo, pois é fundamental que nos posicionemos sobre essa matéria, e que Porto Alegre venha a ter, realmente, para todos os seus cidadãos, para todos que nos visitam, para aqueles que se preocupam com a qualidade de vida efetiva, o seu Sistema Municipal de Unidades de Conservação.

Esperamos brevidade e que possamos aprovar de uma maneira mais técnica e mais rápida possível, para que possamos usufruir desse benefício. Obrigado. Saúde para todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Srª Simone Mirapalhete está com a palavra, para suas considerações finais.

 

A SRA. SIMONE MIRAPALHETE: Como nós temos experiência em gestão de Unidade de Conservação e toda parte profissional disso, estamos à disposição para contribuir, porque eu acho que quanto mais participação melhor, Ver. Dib, fica muito mais claro.

Esse Projeto pode ter assustado um pouco, quando se falou em desafetação de área, e isso pode, de repente, ter sido a causa da parada do Projeto, mas eu acho que a discussão vem, e podemos contribuir com a cidade de Porto Alegre para que seja efetiva mesmo. Em relação à questão da Copa, o Município de Porto Alegre tem a ganhar.

Então, eu quero agradecer. Espero ter contribuído e acredito que, em relação a todas as minhas intervenções quanto às emendas, isso poderia ser discutido, poderemos colaborar na Audiência ou mesmo via Liderança de Bancada, pois ainda dá para contribuir com alguma emenda. Estou à disposição. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado, Simone.

A Srª Maria Carmen está com a palavra, para suas considerações finais.

 

A SRA. MARIA CARMEN SESTREN BASTOS: Eu também gostaria de agradecer o convite. Fico muito honrada e feliz por a Câmara querer escutar as nossas humildes opiniões. Gostaria de colocar algumas coisas, talvez tirar algumas dúvidas que tenham ficado da apresentação.

A Verª Maria Celeste solicitou mais informações sobre uso sustentável e proteção integral, e deu como exemplo a orla. A orla de Porto Alegre, os parques urbanos, as praças, a arborização urbana, os canteiros centrais não são Unidades de Conservação, mas são áreas que devem ser protegidas, que devem continuar permeáveis. São áreas verdes urbanizadas, têm uma proteção que depende muito do gestor, mas elas não têm uma legislação própria como é o Sistema de Unidades de Conservação. Geralmente quem as defende são os moradores do entorno, as pessoas que as utilizam, porque são áreas principalmente de lazer. O Plano Diretor também tem alguma interferência nessas áreas.

Outras áreas preservadas são as Áreas de Preservação Permanente, as APPs. Há uma Lei Federal que as protege, que é o Código Florestal - infelizmente, talvez percamos um pouco dessa proteção. As outras áreas protegidas, que estão dentro deste Projeto de Lei, são as Unidades de Conservação. Dentro desse conjunto de áreas protegidas, estão aquelas áreas que são criadas, uma a uma, pelo Poder Público. Quando o Poder Público cria uma área protegida, ele vai dizer que está criando um parque nacional, se for federal, ou, no nosso caso, municipal, um parque natural. Se, no momento dessa criação, for dado esse nome, então ele já está sendo categorizado dentro do Sistema, porque o Sistema tem os dois grupos - Proteção Integral e Uso Sustentável -, e, dentro de cada um desses dois grupos, há os nomes individuais. Então, a gente sabe que Parque Natural está dentro da categoria de Proteção Integral. A partir do momento em que se cria a Unidade de Conservação e se coloca o nome, o nome já está se referindo a qual é o tipo de proteção. Quando a proteção é integral, não é permitida a coleta, não é permitida a caça, não é permitida a pesca, mas cada Unidade tem um planejamento próprio - a Simone trouxe aqui o Plano de Manejo do Parque Natural Morro do Osso, que eu gerenciei durante alguns anos. Então, este é o Plano que diz todas as características, todas as espécies que existem no Morro do Osso, como exemplo, e como deve ser usada essa área. Aqui diz, por exemplo, que, no Morro do Osso, não se pode acampar, não se pode morar; no Parque Estadual de Itapuã, se pode acampar, mas não se pode morar, e assim por diante. Em algumas das áreas de Uso Sustentável - depende muito de cada caso -, as populações residentes podem caçar, porque a caça é uma tradição daquela população há muitas gerações, então eles podem, porque é uma característica local. Então, esse tipo de Unidade é de Uso Sustentável. O Uso Sustentável também pode ser utilizado nas Áreas de Amortecimento. Quando o ex-Vereador Guilherme Barbosa coloca - geralmente ele coloca - “uso sustentável”, ele está sugerindo o Uso Sustentável na Zona de Amortecimento, que é a área em torno da Unidade de Conservação. Então, na volta, que, em vez de ser usado para indústria, seja dado um uso sustentável. Ele quer dizer que o uso seja mais ameno, que as áreas verdes sejam deixadas em maior quantidade. Há algumas emendas que ele colocou com as quais eu não concordo, mas acho que esse esclarecimento foi bastante...

Sobre as Audiências, eu não sei como são os trâmites jurídicos nesse sentido, não sei como a gente traria as sugestões levantadas numa Audiência. Houve duas. Eu não estive envolvida nas Audiências Públicas; estive envolvida na elaboração, na discussão; a gente discutiu durante dois anos esse Projeto de Lei. Como eu não estive envolvida nas Audiências, não vou responder sobre essa parte.

Quanto a alguma preocupação que talvez exista dentro desta Casa em relação à desapropriação - “a criação da Unidade de Conservação vai onerar o Município, porque a desapropriação é uma coisa cara” -, a criação do Sistema Municipal de Unidades de Conservação não cria as Unidades de Conservação em si. Então, a criação do sistema não vai onerar o Município, de forma alguma. As Unidades de Conservação já foram criadas e podem ser criadas a qualquer momento, independentemente de nós termos o Sistema. Então, não precisam ter essa preocupação. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado, Maria Carmen. As observações de vocês sobre as Emendas poderão ser enviadas, posteriormente, ao gabinete do Ver. Adeli Sell, já que foi dele a sugestão.

O Sr. João Roberto Meira está com a palavra, para suas considerações finais.

 

O SR. JOÃO ROBERTO MEIRA: Inicialmente, eu gostaria de fazer um agradecimento. Eu queria agradecer a um conjunto de pessoas que me possibilitaram estar, neste momento, aqui com vocês, nestas circunstâncias. Primeiro, eu queria fazer um agradecimento à Andreia, que foi Assessoria Jurídica lá na SMAM, que assistiu ontem à minha palestra, na Semana do Meio Ambiente, sobre a Mata Atlântica; comunicou o Ver. Beto Moesch, que fez um contato com o Secretário Záchia, que me liberou para estar aqui. Eu estava despreparado para estar, neste momento, aqui. Agradeço ao Ver. Garcia, que, quando cheguei aqui, me presenteou com uma gravata, porque eu estava sem gravata, e o Reginaldo inclusive fez um nó. Eu gostaria, então, considerando essa gravata, de combinar com vocês o seguinte: eu gostaria de usar esta gravata novamente, mas no momento em que essa lei for aprovada. Gostaria, Ver. Beto Moesch, de receber o convite desta Casa para novamente vir aqui, com uma roupa mais adequada.

Feito este agradecimento, eu realmente gostaria de colocar que, por trás da criação de cada Unidade de Conservação, o próprio Sistema Nacional prevê que nós temos de fazer audiências públicas antes da criação de Unidades de Conservação. Quero até me referir ao Morro São Pedro, onde já foi feita uma Audiência Pública em 2003, só que um conjunto de questões, como economicidade, como inconformidade dos proprietários da área, levou esse Projeto à SMAM para reformular. Ainda está em análise, a área já não é mais tão grande como foi proposta, com 1.400 hectares, a ideia, quando se discutiu na época, era a criação de um parque natural. Hoje nós consideramos a possibilidade de que seja um refúgio da vida silvestre, porque ele ainda está mantido na categoria de Unidade de Proteção Integral, com a diferença que Refúgio da Vida Silvestre não exige, por parte do Poder Público, a desapropriação, a não ser que o proprietário se comporte de forma inadequada. Não está batido o martelo sobre a categoria, sobre esse aspecto; isso ainda está em discussão; agora, a aprovação do sistema oferece justamente esta possibilidade, como bem colocou, com ênfase, o Ver. Beto Moesch, de articularmos um conjunto de Unidades de Conservação para que o Sistema tenha, de fato, efetividade. Eu quis aqui também destacar que isso tem uma articulação direta com o Plano Diretor, com capítulos do Plano Diretor desta Casa, que é a abordagem estratégica, como levantou o Ver. Comassetto, que nós temos questões específicas da Zona Sul, que o Plano Normativo Regulamentador, às vezes, não dá conta de questões mais específicas de determinadas regiões. E falando sobre isso, eu me remeto a um outro aspecto sobre o qual esta Casa vai se debruçar, tão logo tenha sido concluído o Plano de Manejo da APA - Área de Proteção Ambiental - do Delta do Jacuí, que é o acolhimento do Plano Diretor para a área da APA do Delta do Jacuí. Diferentes Vereadores, a Fernanda, o Adeli, o Beto Moesch, vários mencionaram a questão da Copa, a necessidade de preparação da Copa. Um dos itens da Câmara Técnica de Meio Ambiente e Sustentabilidade, que também foi inaugurada ontem na Assembleia, são justamente os parques da Copa. Obviamente que o Estado vai pensar em Itapuã, vai pensar no Delta do Jacuí, aqui do lado. Eu até me esqueci de falar, quando eu apresentei slide do Delta do Jacuí, sobre a Casa da Pólvora. Ontem, na palestra que eu estava apresentando, várias pessoas da área, interessadas, eu perguntei: Quem aqui conhece a Casa da Pólvora? Quase ninguém. Quer dizer, é um patrimônio cultural, associado a um patrimônio biológico, do lado do Gasômetro, claro que há o Guaíba, separando, mas asseguro que a grande maioria das pessoas de Porto Alegre desconhece. Foi feita, na época do Pró-Guaíba, Ver. Dib, uma reforma, ali há um Museu, há um espaço adequado para receber pessoas, para palestrar.

Então, eu acho, de fato, que esta oportunidade aqui pode conjugar relações com a rica biodiversidade da nossa terra, com o próprio patrimônio cultural. Estamos em um momento em que o tempo urge. Isso é importante colocar, isso é fato, o tempo urge, e é necessário, como já coloquei, que tratemos dessas questões com afeto, porque isso está ligado àquilo que bate dentro do nosso peito. Eu reforço a minha mensagem: estamos tratando daquilo que bate dentro do nosso peito, dentro do peito dos nossos filhos, dos nossos netos, das próprias gerações. É disso que estamos tratando. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Muito obrigado ao João Roberto Meira, Biólogo, Chefe de Equipe de Estudos do Meio Ambiente; à Srª Maria Carmen Sestren Bastos, Bióloga, funcionária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; e à Srª Simone Mirapalhete, Diretora do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica. Tenho certeza de que a Câmara Municipal acertou, e acertou muito, Ver. Beto Moesch, quando convidou vocês, para, na Semana do Meio Ambiente, discutir e debater esse tema, e reforçaram a importância do nosso patrimônio biológico natural. Eu gostaria que se somasse a esse patrimônio o talento, o conhecimento e a militância de vocês. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h58min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença – às 16h59min): Estão reabertos os trabalhos.

Esta presidência solicita a inversão da ordem dos trabalhos, para que possamos, imediatamente, entrar no período de Pauta.

Em votação o Requerimento de autoria desta presidência. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2271/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 088/11, de autoria da Mesa Diretora, que reajusta as retribuições remuneratórias dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre, data-base maio de 2011, em 7% (sete por cento), a contar de 1º-05-11, 2,01% (dois vírgula zero um por cento), a contar de 1º-09-11, e 2,5% (dois vírgula cinco por cento), a contar de 1º-02-12, nas condições que estabelece.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Mario Fraga está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARIO FRAGA: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; público que nos assiste nas galerias e pela TVCâmara, estamos aqui hoje em Liderança pelo Partido Democrático Trabalhista, PDT, em rodízio estabelecido pelo nosso Líder, Ver. Mauro Zacher. Eu queria dar os parabéns ao pessoal que tratou do tema Sistema Municipal de Unidades de Conservação na Semana do Meio Ambiente, o qual acho muito importante para nós da Cidade. Dou os parabéns a todos que tratam desse assunto, em especial ao Ver. Beto Moesch, que trata desse assunto nesta Casa.

Queria também deixar registrado, Ver. Toni Proença, que o PLL nº 088/11 já está em 2ª Sessão de Pauta, sob a deliberação de todos os Vereadores presentes. Vamos agora votar o Projeto, se Deus quiser, na próxima segunda-feira.

Queria fazer dois registros aqui. Em especial, peço licença aos Vereadores, aos meus eleitores de toda a Cidade, desde a Vila Farrapos, Jardim Lindoia, Glória e arredores, para tratar do assunto específico Orçamento Participativo, que foi realizado ontem no nosso bairro, Belém Novo, com a presença do Prefeito José Fortunati e de todo o Secretariado.

Para a nossa satisfação e para minha alegria, em especial, pois represento aquele Bairro, não dizendo que outros Vereadores não o representam, mas quase 99% do Secretariado estava presente em Belém Novo, ontem.

Então, nós, da comunidade, agradecemos a todo o Secretariado, em especial ao Prefeito Fortunati, sendo que é uma obrigação dele estar lá, mas nós fazemos questão de agradecer ao Secretariado e ao Prefeito Fortunati. E, para a nossa felicidade, nós, moradores do Extremo-Sul, foram tratados dois assuntos importantíssimos para aquela Região. Inclusive, o Ver. Toni Proença, agora no exercício da presidência, também estava presente lá em Belém Novo; havia muitos outros Vereadores, com certeza, faço a referência ao Ver. Toni Proença, porque ele está na presidência dos trabalhos neste momento. Foram tratados dois assuntos que, para a nossa comunidade, são muito importantes.

Um assunto que está sendo conversado entre os passageiros dos ônibus é o transbordo que pode vir a ter no Lami. Ontem foi posta a opinião da comunidade, e este Vereador expressou a opinião da comunidade, dizendo que nós, moradores e usuários, somos contra o transbordo no Lami. Não queremos a parte do transbordo no Lami. Este transbordo é feito nos fins de semana. Nos fins de semana, a gente aceita, mas, durante a semana, nós não vamos aceitar. E esta opinião foi externada ontem ao Prefeito Fortunati e ao Secretário Capellari, que demonstrou que vai fazer o possível e o impossível junto à STS, para que não exista esse transbordo. E, também, para a nossa alegria, o Prefeito Fortunati, em sua fala final, falou que, para o Projeto, que está aqui na Casa, do transporte seletivo, vai vir uma Emenda - não sei se é uma emenda. Vai vir um novo Projeto, mas não vai ser retirado esse - me fugiu o nome

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Substitutivo.

 

O SR. MARIO FRAGA: Substitutivo. Obrigado, Vereador. Então, virá um Substitutivo do Executivo para o transporte seletivo e específico para aquelas regiões, Belém Novo e Restinga. Então, nós, do Extremo-Sul, ficamos muito contentes: palavra do Prefeito Fortunati, vai ter a Lotação Restinga e Belém Novo, através do Executivo, e tenho certeza de que os Vereadores apoiarão.

Quero também fazer uma referência, aqui, ao Ver. Comassetto, que nos acompanhou todo o sábado, em Belém, na Escola Glicério Alves, onde nós estamos trabalhando para a implantação de uma escola profissionalizante, Ver. Toni Proença.

Então, lá em Belém, nós trabalhamos todo o sábado em cima dessa escola. Hoje, às 17h30min, vai acontecer a segunda reunião sobre a Escola Profissionalizante Dr. Glicério Alves. Então, nós, lá do Extremo-Sul - por isso pedi licença aos meus outros eleitores para fazer esses relatos -, estamos muito contentes com o Prefeito Fortunati e com a sua equipe, porque estiveram lá em Belém Novo, ontem à noite. A Diretora Alessandra, do Colégio Estadual Dr. Glicério Alves, também fez uma recepção belíssima para todas as autoridades que estiveram lá. Neste momento, está acontecendo a outra reunião para a Escola Profissionalizante Dr. Glicério Alves. Nós, do Extremo-Sul, estamos alegres, contentes e na esperança de que lá vá ter uma escola profissionalizante, vá ter o lotação, e, se Deus quiser, que seja em curto prazo, que não demore muito, que seja ainda este ano.

Eu agradeço ao camarada Toni, na presidência dos trabalhos. Um abraço para o meu Conselheiro, o Edemar, que, infelizmente, não conseguiu se reeleger, mas que fez um trabalho belíssimo. O teu trabalho ficou marcado na região, Edemar. E eu tenho certeza: em breve, voltaremos. Obrigado, e um abraço a todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: São dois Projetos que comento, Ver. Toni Proença. O primeiro deles é sobre o reajuste dos servidores desta Casa Legislativa. Eu tenho o privilégio de entregar, em seguida, o Relatório, como fiz com o aumento dos servidores do Município, onde nós chegamos a alguns bons denominadores comuns. Um reajuste de 7%, a contar do dia 1º de maio deste ano; 2,01%, a contar do dia 1º de setembro; e 2,5%, a contar do dia 01/02/2012.

Quero também comentar um Projeto de Lei, de autoria do Ver. Pedro Ruas e da Verª Fernanda Melchionna, sobre a questão dos horários de ônibus, do tempo de espera em cada parada. Eu acho que chegou a hora de nós fazermos um grande debate sobre a questão da mobilidade urbana em Porto Alegre. Hoje, inclusive, a Mesa Diretora aprovou o acompanhamento da nossa mídia - Televisão, Rádio Web, etc. e tal - de um evento que será feito por várias entidades, na semana que vem, dia 16, de manhã e de tarde, no Plaza São Rafael, e também vai haver uma matéria específica na revista Voto sobre a questão da mobilidade urbana. Há cidades em que os ônibus passam na hora certa, com capacidade de colocar todas as pessoas que estão na parada dentro dos ônibus, sem virar uma “sardinha”; ônibus em boas condições, limpos e adequados, e mais do que isso, com a parada de ônibus bonita, sinalizada e com iluminação.

Um outro absurdo que quero acoplar ao debate do horário dos ônibus é a situação das paradas em Porto Alegre. É um verdadeiro descalabro, Ver. Luiz Braz, que nós passemos cinco anos sem ter licitação para um novo mobiliário urbano. É preciso garantir um horário mínimo para uma pessoa esperar na parada de ônibus, mas, fundamentalmente, uma parada em local seguro, com iluminação e local para sentar, pensando, principalmente, em nossos idosos. É o mínimo que se pode pedir numa cidade com a tradição que tem Porto Alegre.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, veja bem, nós já fizemos uma reunião com a Comissão que trata do mobiliário urbano e recebemos a resposta de que apenas cinco modalidades, no máximo, serão licitadas. Eu não sei por que está tudo trancado na Cidade, e não apenas essas cinco modalidades que nos foram ditas. É algo inexplicável. Eu não consigo falar com toda Comissão, mas é preciso que ela nos dê uma explicação, porque, afinal de contas, nós representamos o conjunto da sociedade.

 

O SR. ADELI SELL: Exato. Agradeço pela sua contribuição.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Adeli Sell continua com a palavra, a partir deste momento, para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, quero voltar a alguns temas que tenho tratado aqui, do cotidiano da nossa Cidade. Eu não poderia, Ver. João Dib, deixar de tratar da calamitosa situação do lixo em Porto Alegre. Ver. Mario Fraga, V. Exª, que vem lá da Zona Sul, do Extremo-Sul da Cidade, há de convir comigo que o senhor deve encontrar alguns bons focos de lixo no seu trajeto, porque eu vejo isso, inclusive, no Centro Histórico de nossa Cidade. Quero aqui comentar alguns focos - e peço a atenção de V. Exas, Ver. Mario, Ver. Dib, que representam aqui a Liderança do Governo. Na esquina da Rua Riachuelo com a Rua Marechal Floriano, há aquela edificação prestes a cair, que o Poder Público poderia, com base no Estatuto da Cidade, desapropriar. Eu já disse aqui que o dono dessa edificação deve ser uma pessoa que odeia Porto Alegre, deve ser uma pessoa de mal com a vida, deve ser uma pessoa que tem outras intenções, que não a da cidadania, porque quem tem uma edificação e um terreno em um dos lugares mais nobres da Cidade não poderia ser tão mesquinho, tão miserável e deixar um espaço desses vir abaixo. Eu só imagino, Ver. João Dib, V. Exª, que é engenheiro, quanto vale aquela esquina! Uma babilônia de dinheiro! É uma pessoa que não se digna a arrumar aquele espaço ou dizer para a Prefeitura: “Desaproprie, eu topo, porque eu quero o bem da Cidade”. Então, quem deveria fazer isso seria a Prefeitura. Ali, não bastasse o prédio que vai vir abaixo um dia, vai virar uma tragédia, nós temos de manhã, de tarde, de noite, de madrugada, uma seleção de lixo a céu aberto; o lixo se espalha por toda a Rua Riachuelo e por toda a Rua Marechal Floriano. Não bastasse isso, nós temos hoje uma situação degradante no Viaduto Otávio Rocha, aí, sim, é um problema de vandalismo, mas quem tem Guarda Municipal e quer gastar menos do que gastar em repor as lâmpadas, põe em sistema de rodízio quatro Guardas Municipais - e será um grande avanço nos cofres da Prefeitura -, gastará muito, muito menos do que repor fios e lâmpadas quase que diariamente. Nós, se fizéssemos uma ação da nossa Guarda Municipal com o 9º BPM, prenderíamos esses marginais, esses vândalos e essas pessoas que nos agridem, diariamente. Imagine, Ver. Braz, se no edifício onde moro, no Centro Histórico de Porto Alegre, que foi pichado, o que nós pagaremos para limpar é R$ 8,5 mil, imaginem o que significa o vandalismo diuturno no Viaduto Otávio Rocha.

Será que nós vamos continuar na situação que estamos? Eu acho que nós deveríamos chamar aqui o Secretário Municipal da Segurança Urbana, o Secretário Municipal de Obras e Viação, o Secretário da Cultura, porque é um patrimônio histórico da nossa Cidade, e o próprio Secretário do Meio Ambiente, e deveríamos garantir. E se isso não for feito, eu sou obrigado a ir ao Ministério Público para que se faça, talvez, um Termo de Ajustamento de Conduta, porque, muitas vezes, o gestor público, se o Ministério não encostar a faca no peito ou ter a espada de Dâmocles na sua cabeça, acaba não fazendo o seu dever de casa. E é por isso que eu, de forma muito serena, de forma muito tranquila, estou aqui para reivindicar, em nome do povo de Porto Alegre, dos cidadãos de Porto Alegre, que nós façamos algo imediatamente. Quando eu falo com o Líder ou o Vice-Líder do Governo, eu espero que os senhores tenham uma resposta a ser dada não a mim, que sou apenas a voz dos que não têm voz em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; jovens Vereadores, falo para este plenário lotado, e gosto quando o Ver. Adeli Sell fala em vandalismo e desleixo. Na verdade, nós temos que combater o vandalismo, nós temos que combater o desleixo, mas, quando nós dizemos que a Cidade é suja, nós estamos dando oportunidade para aqueles que são vândalos e são desleixados fazerem mais sujeira.

Na verdade, nós temos que criticar aqueles que sujam a Cidade, porque o Diretor do Departamento de Limpeza Urbana não vai lá fazer sujeira; nenhum Vereador vai fazer sujeira na rua, nenhum dos moradores do Centro da Cidade joga lixo ali. O vandalismo acontece.

Quanto àquele prédio da Rua Marechal Floriano com a Rua Riachuelo, eu quero dar razão ao Ver. Adeli Sell: é realmente um perigo para a cidadania! De repente, uma daquelas paredes pode ruir. Elas estão soltas. Há ali um tapume no passeio impedindo a passagem dos pedestres, que têm que se deslocar pelo meio da rua, correndo risco, porque a Rua Riachuelo é movimentadíssima. Agora, eu não culparia tanto o proprietário do terreno e do prédio, da sobra do prédio, porque tem o Epahc, Compahc, e aí é complicado, que é uma barbaridade! Aquele prédio deveria ter sido demolido no dia imediato ao que ocorreu o problema, o incêndio, porque as suas paredes não oferecem condições de segurança. Não tem segurança. De repente, nós podemos estar lamentando um desastre qualquer em razão da queda daquelas paredes.

Outra coisa também é o cinema Astor, antigo Orfeu, eu acho que não tem por que guardar aquilo. A história da Cidade não se registra com esses dois prédios. Mas também quero dizer, e o Ver. Adeli sabe, porque ele estudou o lixo, ele foi, inclusive, a Caxias ver os contêineres, e eu espero que agora, em julho, quando começarem a colocar contêineres na Cidade, pelo menos que os contêineres sejam respeitados, porque, na verdade, nós olhamos pessoas esgravatando no lixo, abrindo os sacos de lixo, e depois deixam tudo solto. Não tem ninguém que aguente isso!

Há poucos dias, um dos Vereadores aqui me fez uma reclamação do Postão dos Comerciários, e eu, imediatamente, liguei para o Diretor de Departamento de Limpeza Urbana, e ele retornou, logo em seguida, inclusive mandando por e-mail fotos que mostravam que, até às 8 horas da manhã, o lixo estava lá; às 9 horas tinha sido retirado; às 11h30min, meio-dia, tinha outra vez material ali depositado. Eles retiravam o lixo e, à tarde, as pessoas botavam de novo. Então, quando nós apenas criticamos o Poder Público, esquecemos de criticar aqueles que não têm amor à Cidade, que não têm respeito pelo seu semelhante, que sujam a Cidade; nós estamos dando a oportunidade para que os vândalos continuem sendo mais vândalos, que os desleixados continuem sendo mais desleixados e que os irresponsáveis continuem mais irresponsáveis, e não é o que nós queremos. Saúde e PAZ.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. ADELI SELL: Vereador João Dib, na verdade, o dono daquela edificação na esquina da Rua Marechal Floriano Peixoto com a Rua Riachuelo quer exatamente isto, que a edificação caia. Aquela é uma edificação que pode ser recuperada, porque ela tem um aspecto arquitetônico importante, e, se algum técnico disser que ela não será recuperada, aí, sim, faça-se a demolição, mas não vamos deixar o problema na mão de uma pessoa que não gosta de Porto Alegre, que deve odiar Porto Alegre, que deve se odiar e odiar os seus concidadãos, porque uma pessoa de bem não faz o que aquela pessoa está deixando acontecer com a cidade de Porto Alegre.

Eu estou com 1,5 milhão de habitantes de Porto Alegre que querem o bem da Cidade. Eu acho que, infelizmente, algumas pessoas não cuidam da limpeza urbana da Cidade, mas eu sei que, naquelas cidades, onde os seus governantes limpam a cidade, plantam flores em canteiros, é muito difícil o vândalo arrancar flores, porque sempre haverá dois outros a postos para defender as flores, que devem continuar florindo as suas cidades. Eu já vi pessoas que são, efetivamente, cidadãs; pessoas que, quando alguém joga um papel fora, chamam a atenção e mandam juntar. E, às vezes, as pessoas que fizeram esse ato nada cidadão acabam por se dar conta do que fizeram.

Então, é claro, Ver. João Dib, depende muito de nós. Queremos uma cidade limpa, uma cidade organizada, mas também depende dos Poderes Públicos. Se o nosso DEP não fizer a limpeza das bocas de lobo, se elas tiverem lixo, outro se dá o direito de fazê-lo, mas começa com a avaliação que nós temos que fazer com o servidor da limpeza, que não é instruído, não é ordenado para que faça um trabalho de cidadania.

Eu vejo, por exemplo, a limpeza que é feita e a varrição na Cidade. As lixeiras de Porto Alegre são de quinta categoria, são horríveis. Eu já vi cidades do interior do Estado. Esses dias, eu até citei uma cidade aqui que colocou lixeiras novas, adequadas - no momento, me falha a memória e me esqueço do nome da cidade que fez isso -, inclusive separando o lixo seco do lixo orgânico, já ali na lixeira, e não estou falando de contêineres. Mas, agora, que façamos os contêineres, quem sabe!

Eu lembro que, no ano de 2000, quando conheci Barcelona e para cá regressei, defendi a conteinerização na Cidade, discutindo não sei com quantos gestores públicos municipais, inclusive do meu Governo, que também não conseguiu fazer o processo de conteinerização. Sou daqueles que sabem o momento em que devem dar a mão à palmatória e fazer a autocrítica, mas a Cidade era mais limpa, mais organizada. Até o meio-fio era pintado, e diziam que isso era fazer o feijão com arroz, mas eu prefiro feijão com arroz a nada, como hoje, quando só temos é sujeira; não temos mais meio-fio pintado. Em Barcelona - eu fiquei impressionado com a conteinerização -, hoje já há tubos de sucção para que o lixo, mesmo o lixo orgânico, vá para uma central onde se transformará em energia.

No momento em que estamos comemorando a Semana do Meio Ambiente, que discutimos, há poucos minutos, o Sistema Municipal de Unidades de Conservação, nós precisamos voltar a esses temas: conteinerizar o lixo em Porto Alegre urgentemente; melhorar o sistema de lixeiras; treinar o pessoal da limpeza urbana e fazer campanhas educativas para que a Cidade não seja a cidade “sugismunda”. Lembro de que, na época do Prefeito Collares, o Diretor do DMLU era o Vieira da Cunha, se fez uma campanha com um personagem que, se eu bem me lembro, se chamava Sugismundo. E esse personagem foi bem importante. Sou daqueles que reconhecem quando um Governo, que não é do meu Partido, faz a coisa certa.

Ver. João Dib, debater com V. Exª sempre é um privilégio. Eu tenho a certeza de que V. Exª vai fazer aquilo que uma Liderança deve fazer: imediatamente repassar essas preocupações para o Governo, especialmente aqueles pontos precisos, temáticos que eu acabei de levantar. Qual a solução que o Poder Público Municipal vai dar para a edificação que fica na Marechal Floriano com a Riachuelo e, também, para aquele maldito foco de lixo? Foi um privilégio debater com V. Exª Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Visivelmente, não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h26min.)

 

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